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domingo, 15 de outubro de 2023

Plantar em Penela, Fazunchar em Figueiró dos Vinhos

 


O Troféu de Moto-Ralis Turísticos voltou a andar pela zona centro do País, mas por xistos e calcários pouco explorados a sul de Coimbra, já que o moto clube da Cidade dos Estudantes em boa hora escolheu levar-nos para aí no ensolarado fim de semana de 7 e 8 de outubro.

Para a penúltima jornada do 26º Troféu de Moto-Ralis Turísticos Dunlop/BMW da FMP, o Moto Clube de Coimbra gizou um excelente passeio pelos concelhos de Penela, Miranda do Corvo, Ansião e  Figueiró dos Vinhos, numa rota dinâmica e ambiciosa que levou os 57 mototuristas – em 37 motos - a tantos lados que será difícil sintetizar os dois dias em poucos parágrafos de texto.

O sábado começou muito religioso, com as visitas ao Santuário do Senhor da Serra, Mosteiro de Semide e capela da Senhora da Piedade de Tábuas.
O primeiro surpreende por ter sido um dos principais pontos de peregrinação antes de acontecer o milagre de Fátima. Difícil de imaginar tanta gente neste terreiro minúsculo. Já o Mosteiro de Semide tem pano para mangas para ser vasculhado ao pormenor pelos participantes. A procura das respostas inerente a um moto-rali turístico continuou na bem recuperada Gondramaz, aldeia de xisto na Serra da Lousã onde o tempo parece ter parado e o prazer de receber se mantém bem enraizado nas poucas gentes que ainda lá habitam. Foi o primeiro percurso pedestre deste evento onde nem tudo se passa sobre a moto. As estreitas e pitorescas ruelas de Gondramaz só mesmo a pé podem ser devidamente apreciadas.

Almoçados nas margens da Praia Fluvial da Louçainha, os motociclistas - de Bragança a Albufeira - subiram ao Miradouro da Pedra da Ferida para o vislumbre da cascata onde a Ribeira da Azenha se despenha de 25 metros de altura. E após percurso panorâmico por estrada não pavimentada, a subida por escadaria ao posto de observação de São João do Deserto. Realmente, é um deserto verde que se avista deste ponto tão estratégico de onde se avistam territórios de seis distritos (!) Coimbra, Leiria, Aveiro, Viseu, Castelo Branco e Guarda. Mas desértico de biodiversidade pois praticamente só se avista uma espécie de árvore: o invasor eucalipto.
Por isso mesmo, pouco abaixo, tivemos uma iniciativa de louvar, na aldeia de Ferraria de São João:
Os habitantes constataram em 2017 que o fortíssimo incêndio florestal vindo de Pedrógão não afectou o casario pois esbarrou na barreira de sobreiros que circundam a povoação. A partir daí, tem aumentado a zona de protecção da aldeia com mais árvores autóctones.
A nós calhou a plantação de 50 carvalhos-roble (Quercus robur), a árvore rainha dos bosques do centro e norte do país.
Foi uma delícia ver os mototuristas de enxada na mão, uns mais jeitosos que outros para estas tarefas, a cavar, plantar, espetar estacas e regar.
Grande momento de sensibilização para a necessidade de tornar Portugal num País melhor!

A tarde continuou bem disposta e com surpresas: no Centro de Interpretação do Sistema Espeleológico do Dueça apercebemo-nos que há apenas 31 anos se descobriu uma nova rede de galerias subterrâneas e que, graças aos seus 9 km de túneis, é a terceira maior de Portugal, a seguir ao Almonda e Mira Daire. Não nos pudemos enfiar na cavidade do Soprador do Carvalho para nos assombrarmos com as estalactites e estalagmites pois uma curta visita demora mais de quatro horas. Mas marcou-nos esta descoberta em solo penelense. Será que ainda há mais grutas por encontrar em Portugal?

Ainda estávamos a pensar nisto quando damos de frente com um ancestral moinho de vento, sobre rodas, no cimo do Monte de Vez!
E ainda fomos ter uma lição de arborismo no ExperTree Park. Foi interessante perceber como funciona a segurança de tantos cabos que tornam impossível caírmos desamparados. Muito obrigado!

A tarde terminaria de novo a pé pelas muralhas do castelo de Penela, ótimo para abrir apetite para o jantar servido no Hotel Dom Luís em Coimbra, após cerca de 130 km bem intensos.

Domingo descemos ainda mais a sul, aos concelhos de Ansião e Figueiró dos Vinhos, com paragens em Avelar, Ermida de São Simão e Miradouro das Fragas de São Simão, alcantilado sobre o Alge, rio que serpenteia entre escarpas bem florestadas com a vegetação nativa.

Neste segundo dia do moto-rali toda a caravana envergou a t-shirt do evento, num bonito cinzento tropa. Parecíamos um regimento! E assim fomos conhecer a Praia Fluvial de Ana de Aviz, onde houve mesmo quem tivesse nadado nas águas já demasiado frescas.

Por fim a chegada final a Figueiró dos Vinhos. Que bem se respira nesta vila dada às artes. Nova passeata a gastar solas pelas ruelas e escadarias do centro histórico de uma terra que espanta. Sabiam que foi o escultor figueiroense Simões Almeida que modelou em 1908 o busto da República Portuguesa? A escultura original está nos Paços do Concelho. Vimos a réplica no Museu e Centro de Artes, ironicamente ao lado de um quadro pintado pelo Rei D. Carlos, assassinado no mesmo ano por activistas republicanos…
Museu bastante dedicado ao pintor José Malhoa, artista naturalista de uma sensibilidade fora de série para pintar o nosso mundo rural e que, tanto gostou de Figueiró dos Vinhos que aí construiu uma casa bastante formosa e elegante a que deu o título de Casulo, onde terminou a nossa visita.

Com a tradicional foto de grupo, terminou um excelente moto-rali turístico que até merecia mais tempo para ser apreciado devidamente.
À mesa, entregaram-se as lembranças aos mais atentos do passeio. O Ricardo Carvalho e a pequenina - mas fundamental no desempenho da equipa - a Victória Santos foram os mais regulares! Também do MC Coimbra, o Carlos Oliveira e a Branca Neve ficaram no 3º lugar. Pelo meio, no segundo posto, o Sérgio Correia do MC Porto, elemento fundamental nos primeiros 15 anos do Troféu pois era ele que fazia as classificações e estatísticas desta fabulosa forma de conhecer Portugal ao detalhe.

E assim partimos para o Moto-rali dos Conquistadores de Guimarães que quase no mesmo dia esgotaram as inscrições com mais de 200 mototuristas e onde os goienses Paula e Paulo Moita se irão degladiar com o albufeirense Vítor Olivença pelo título 2023 deste tão turístico Troféu em terras de Mondim de Basto a 4 e 5 de novembro.

Aaahh… e afinal o que é o “fazunchar”? É fazer! Fazer acontecer! Um termo muito figueiroense. E o MC Coimbra fazunchou muito bem este moto-rali.
Parabéns!


Fonte: FMP





















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