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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Da Serra da Agrela a Paços de Ferreira, pela história e gastronomia


No passado Domingo, dia 21 de Novembro, com a benção de São Pedro, fomos até Paços de Ferreira, numa passeata organizada pelo MTC cheia de acção, emoção, história e boa gastronomia.

O sócio Jorge Rebelo, recentemente chegado ao MTC, descreve este passeio de forma soberba e na primeira pessoa. Um dia para mais tarde recordar.
Com excepção de um interregno de treze anos, desde muito novo, sempre tive mota, mas nunca estive ligado ao associativismo motociclista, nem tão pouco sabia o que era viajar em grupo. Os meus passeios de mota foram sempre, ou solitários, ou, actualmente, na companhia da minha mulher, já que juntos formamos um par auto-suficiente, capaz de se fazer à estrada para encarar quaisquer viagens, sejam elas em Portugal ou no estrangeiro.
A ideia de nos associarmos ao Moto Turismo do Centro, nasceu após a descoberta do seu site na Internet, que nos revelou uma associação bastante activa, no que à organização de eventos e passeios de mota diz respeito, que é precisamente aquilo que nos apaixona. Não sofremos da vertigem da velocidade e o prazer que extraímos das motas é a fruição absoluta do passeio, a velocidades moderadas, cumprindo as regras básicas de segurança e praticando uma condução defensiva.
No entanto, ambos achámos que estava na hora de quebrar o isolamento e queríamos experimentar viajar em grupo, conhecer outros motociclistas, e partilhar tudo o que fosse possível com pessoas que sentissem, pelo moto-turismo, as mesmas afinidades que nós. Daí a nos associarmos ao MTC foi um pulo. Pela mão do seu Presidente, José Valença, fizémo-nos sócios e fomos desde logo convidados a participar nas actividades do clube. O passeio a São Vicente do Bico - do qual relatarei uma experiência sentida na primeira pessoa -, que teve lugar no passado Domingo, dia 21 de Novembro, foi o primeiro em que participámos.
No domingo passado, pelas 06h30, levantámo-nos da cama com algum sacrifício,  embora motivados pelo passeio que iria ter lugar. Depois de um duche rápido, vestimos as camisolas térmicas, os fatos de cabedal, tomámos um pequeno-almoço breve,  e descemos até à garagem onde a Aprilia nos esperava com o depósito previamente atestado. A viagem até Coimbra, pela nacional, decorreu sem surpresas. Entretanto, o céu plúmbeo ia avolumando uma quantidade infinita de água, pronta a ser despejada em cima dos passeantes, o que efectivamente veio a suceder durante grande parte do percurso.
Sem surpresas, fomos os primeiros a chegar à sede do MTC, em Taveiro, pois quem vem de longe, regra geral, é quem chega em primeiro lugar. Durante os minutos que se seguiram, o silêncio da ainda tímida manhã foi sendo entre-cortado pelo rugir das motas que iam chegando. Sucederam-se os cumprimentos – sempre mais calorosos do que o que é habitual entre adeptos de outras modalidades, já que os motociclistas, mesmo sem se conhecerem, têm por hábito serem fraternos entre si. Entretanto alguém abriu a porta da sede do MTC e fomos brindados com café à descrição e fatias de um bolo delicioso, cujo nome ignoro.
Em pouco tempo, cerca de 30 motas encontravam-se estacionadas frente à sede do MTC.  José Valença, o omnipresente presidente do clube, deu as boas vindas a todos e distribuiu um road guide que sumulava o percurso do passeio. Ficou combinado que os motociclistas que não possuíam o dispositivo Via Verde, deveriam sair em primeiro lugar, para não atrasarem a caravana, devendo parar logo a seguir à portagem. Depois de todos reunidos, seguimos em grupo em direcção à invicta, não sem dois percalços dignos de registo, pois um dos nossos companheiros, a dada altura, sofreu um despiste em plena A1, felizmente sem gravidade de maior; e a única motociclista condutora do grupo, teve um furo na sua Honda Dominator.




Resolvidos pelo melhor os dois imprevistos, a caravana fez-se de novo à estrada, já com um atraso considerável em relação aos timmings previstos, atravessou a sempre congestionada circular externa, junto ao Estádio do Dragão,   e deteve-se finalmente frente ao Museu Arqueológico, instalado em Sanfins de Ferreira, num edifício barroco, conhecido por Casa da Igreja ou Solar dos Brandões, onde já nos esperavam alguns membros do Moto Clube de Paços de Ferreira.  






Com a boa disposição reinando entre todos os participantes e após deglutirmos mais umas fatias daquele bolo delicioso, que se fez nosso companheiro de viagem, lá fomos todos visitar o museu, que, para além de exibir achados arqueológicos, funciona como uma espécie de Centro de Interpretação da Citânia de Sanfins. A visita foi rápida mas as fotos muitas. Tínhamos um fotógrafo de serviço, o António Costa - vim a conhecê-lo pessoalmente durante o almoço - que, ao que parece, é quem se encarrega habitualmente das fotografias e das crónicas que as acompanham.







De seguida, rumámos até à Citânia de Sanfins, onde nos foram dadas in loco explicações mais detalhadas sobre a vida e os costumes dos povos que a habitaram. Entretanto, a chuva, até então tímida e esparsa, começou a brindar-nos de forma musculada para nunca mais nos abandonar até ao final do passeio. Com as condições climatéricas a tornarem-se cada vez mais adversas, e os horários apertados, decidimos abreviar a visita à Citânia e dirigimo-nos para o restaurante previamente escolhido: A Adega Regional "A Tatana", em S.Roque-Carvalhosa.











Dificilmente a escolha poderia ter recaído num lugar melhor, pois quer as entradas – morcelas, chouriços diversos, queijos, presuntos, espetadas, entre outras iguarias –, quer as carnes grelhadas que se lhes seguiram, estavam uma verdadeira delícia e mereceram a aprovação geral de todos os presentes. O almoço foi, sem dúvida, o ponto alto do dia, pois todos os motociclistas puderam finalmente confraternizar entre si com mais tempo. A boa disposição esteve sempre presente e destaco o sentido de humor aguçado do companheiro  Pimentel, que, entre outros,  nos brindou com anedotas que fizeram rir até às lágrimas muitos de nós.





















O ambiente,  apesar de familiar, pois a maioria dos presentes já se conhecia há algum tempo, era de inclusão e convidava à participação de todos. Eu e a minha parceira sentimo-nos sempre bem acolhidos,  e, uma vez mais, deparei-me com aquela especialidade única, que nos distingue a nós motociclistas do espírito egoísta e indiferente dos automobilistas, que é o sentido de pertença a uma castaimpregnada de valores onde pugnam a sã convivência, a camaradagem, a solidariedade e o espírito de grupo, alheio a quaisquer competitividades que só conduzem ao rancor. No mundo do moto-turismo, não pode, nem deve,  haver lugar para o despique, nem tão pouco para aleivosidades sobre as motas que cada um possui. O que interessa verdadeiramente, para além das marcas e da cavalagem dos motores, tudo pormenores supérfluos,  é a paixão que nos une pelo turismo de mota.    
Findo o almoço, antes de nos fazermos à estrada, fomos todos à bomba de gasolina, para que os motociclistas com motas mais gulosas, ou de menor autonomia, pudessem abastecer. Apreciei, deliciado, o fascínio que provoca nos transeuntes a visão de uma caravana de motas a chegar a uma estação de serviço, ocupando literalmente todo o espaço disponível.  É um espectáculo esmagador e deixa meio mundo de boca aberta.
No regresso à A1, ainda parámos algumas vezes para a reunião das motas que iam ficando para trás,  uma vez que não é fácil no meio do trânsito manter uma caravana de trinta motas coesa.
Quero deixar uma nota positiva para o trabalho meritório dos motociclistas da organização, que funcionaram como verdadeiros pastores de um rebanho, encarregando-se de cortar os cruzamentos para que a caravana passasse em segurança, bem como fazendo agregar ao grosso do pelotão as motas mais atrasadas.
O último briefing de despedida ocorreu na Área de Serviço de Antuã, onde, depois de um lanche breve, o presidente agradeceu a presença dos sócios e amigos do MTC e desejou a todos um bom regresso a casa.
Eu e a minha pendura saímos e ultrapassámos, a alta velocidade, a caravana que seguia sob uma chuva intensa rumo a Coimbra, até que os deixámos de ver no espelho retrovisor. Ainda nos faltavam 140 kms até Leiria e estávamos gelados até aos ossos, mas felizmente, cerca de uma hora depois, estávamos a arrumar a Caponord na garagem e já só pensávamos no banho escaldante que nos ia devolver a  temperatura corporal.  

[Dizer que esta crónica, escrita na primeira pessoa, é a visão pessoal de alguém que viajou pela primeira vez com o MTC, resulta numa tautologia. Mas foi o que ficou combinado com o António Costa, quando me pediu para a escrever e eu lhe respondi que a única coisa que poderia fazer era expressar por palavras a forma como subjectivamente vivi este dia.]  
Agradeço a todos o convívio que nos proporcionaram, a mim e à minha mulher, e a experiência, para nós pioneira, de viajar em grupo. Esperamos que os passeios e os convívios se repitam, até porque agora fazemos parte do vosso grupo e assim gostaríamos de ficar.
Bem hajam!
Leiria, 22 de Novembro de 2010
Rui Jorge Rebelo   

A Direcção do Mototurismo do Centro agradeceu o apoio da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, Moto Clube de Paços de Ferreira, Museu Arqueológico e Citânea de Sanfins de Ferreira, restaurante "A Tatana" e a presença dos sócios e amigos do MTC, que ajudaram a fazer deste passeio um excelente convívio, que por certo será muitas vezes lembrado. Bem hajam.
Texto: Jorge Rebelo
Fotos: Ana Serralha e António Costa

1 comentário:

  1. Vivi muitos anos no concelho Paços de Ferreira, muitos bons momentos passei na citánia,btt,carro e claro de Moto,Feliz 2011 e boas curvas...

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