Passeio memorável a Monsanto e à bonita região da Beira Baixa com os companheiros do Mototurismo do Centro. Dois dias bem preenchidos com várias visitas, muita amizade, boa-disposição e boa gastronomia.
O João Paulo fez uma excelente narrativa deste passeio, que ilustra muito bem o que foram estes dois dias de convívio.
1º dia - 28, sábado
9 horas: saída da sede, muito sol. Lá vamos nós para mais um fim-de-semana, desta vez rumo às bonitas terras da Beira Baixa.
A ligação a Condeixa foi feita pela A1, onde, à saída e já em direcção a Penela, nos aguardavam mais três companheiros que, de imediato, se juntaram à caravana. Rolamos e sempre numa condução previdente, até ao Avelar, onde entramos no IC8 em direcção a Castelo Branco. Fizemos a primeira paragem já na A23, para reabastecimento e refrescar as “goelas”, pois o calor já se fazia sentir, e de que maneira!
Chegados a Proença-a-Velha, debaixo de um calor abrasador, estacionamos as nossas “montadas” e fomos visitar o Museu dos Lagares. Interessante visita pelo facto de vermos ou revermos, objectos, utensílios, instrumentos e alguns aparelhos tecnológicos da época, onde o homem fazia azo ao engenho e arte para extrair esse néctar precioso que é o azeite. Como nota de curiosidade, o azeite fez parte, outrora, da espécie fundamental da agricultura mediterrânea, tais como o vinho e o trigo.
Mais ou menos meia hora volvida, rolamos em direcção a Monsanto onde iríamos almoçar, pois os estômagos começavam a dar horas. Como é complicado encontrar estacionamento à entrada de Monsanto e as ruas são muito estreitas, aparcamos as nossas “motorizadas” numa aldeia chamada Relva, que fica sensivelmente a um quilometro e meio. Aí nos aguardava uma carrinha cedida pela Câmara de Idanha que nos transportou até Monsanto. Chegados à aldeia mais Portuguesa de Portugal, depressa nos apeamos para o restaurante. Já devidamente instalados, numa magnífica esplanada e com o horizonte a perder de vista, fomos presenteados com tudo o que desejávamos. Começando pela magnífica gastronomia da região, sempre bem regada, passando pela estranha arquitectura do restaurante, uma vez que este fica ladeado por dois enormes penedos graníticos e uma gruta, até, e, não é demais repetir, as admiráveis vistas panorâmicas onde se vislumbra a serra da Gardunha e da Estrela.
Findo o almoço houve uma visita pedonal facultativa em ritmo digestivo pelas ruas da aldeia e pelo castelo. Mas nem todos se atreveram a subir lá acima, pois o calor estava de rachar. Mais conversa menos conversa, mais foto menos foto, lá fomos indo para junto do autocarro da Câmara que nos aguardava novamente. Desta vez para nos levar de regresso à aldeia de Relva onde tínhamos deixado as motas. Monsanto deslumbra-nos pela sua posição geográfica alcandorada num abrupto cabeço escarpado, pela harmonia das casas que interpenetram com os rochedos graníticos e pela firmeza do seu castelo que, lá do cimo, domina amplos horizontes.
Capacetes na cabeça, luvas calçadas e alguns blusões desapertados lá fomos nós rumo à barragem de Penha Garcia debaixo de um sol abrasador. Contornando a parede da barragem, seguimos um percurso pedonal no meio de um vale ladeado por imponentes arribas, reveladoras da sua riqueza em fósseis. Estas rochas de formações quartezíticas mostram-nos vestígios de seres que outrora, na era primária ou paleozóica, viviam num leito marinho. Acompanhando o curso do Pônsul, vamos ao encontro de velhos moinhos de rodízios. Alvo de recuperação nos últimos anos, o conjunto que hoje pode ser visitado é apenas uma parte daquela que foi o maior conjunto de unidades moageiras do concelho de Idanha-a-Nova. Direcção castelo, mas desta vez de mota, seguiu a caravana para Penha Garcia. É precisamente a partir daqui que podemos ver para norte, e em toda a sua grandiosidade, as arribas que envolvem todo o vale encaixado do rio Pônsul que nasce não muito longe dali.
Como o adiantar da hora já se fazia sentir, rolamos direitinhos para o “Hotel Idanha Natura” perto de Ladoeiro. Todos pensavam no mesmo: piscina. Feito o check in cada um rumou para os seus aposentos onde vestimos os calções de banho para, finalmente, deliciarmo-nos com um merecido banho.
Depois do jantar, amena cavaqueira, café, xixi e cama, pois o dia seguinte também prometia.
2º dia - 29, domingo
Pequeno-almoço no fole, arrancámos cerca das 10 horas da manhã, desta vez rota Idanha-a-Velha. Pena não termos desviado à Senhora do Almortão, ficará, talvez, para uma próxima. Chegados à aldeia, aí nos esperava um cicerone para uma visita guiada. Sé Catedral, Lagar de Varas, Museu Epigráfico, percurso pela aldeia, foi tudo o que registamos nas nossas mentes e nas nossa máquinas fotográficas. Esta povoação, das mais antigas de Portugal, que outrora chegou a ter cerca de quatro mil habitantes, tem hoje sessenta residentes. Com uma forte carga histórica, com um vasto património e de incalculável valor arqueológico, de facto, Idanha-a-Velha é um museu a céu aberto.
Finda a visita regressámos a Monsanto, mas, desta vez, para a base do cabeço para visitar um templo de raiz românica. Construído em granito e datado do século XIII, esta ermida de São Pedro de Vir-a-Corça situa-se num local muito aprazível rodeada de sobreiros e com um original campanário sobre um rochedo.
Depois das fotos para a posteridade e a barriga a dar horas, seguimos direitinhos para o restaurante “Horizonte” a poucos quilómetros dali, onde fomos, mais uma vez, magnificamente bem servidos com um ensopado de borrego.
Papo Cheio, pulamos em direcção a Alpedrinha e Fundão. Aí fizemos uma pequena pausa para reabastecer os “ferros” e refrescar as goelas dos “guerreiros”, pois o calor não nos largava com temperaturas a rondar os 40 graus.
Já de regresso a casa tomamos a direcção de Tortozendo, Unhais da Serra, pena não termos parado nessa vila, pois foram recentemente inauguradas umas piscinas fluviais. Com a estrada repleta de curvas e contracurvas e um bom tapete, lá seguiu a caravana por Pedras Lavradas, Teixeira, Vide e Ponte das Três Entradas para mais uma paragem. Mais água, mais calor e mais um merecido banho no rio que atravessa a povoação. Foi o prémio merecido, depois de não sei quantas curvas. Fizeram-se as despedidas, bateram-se palmas e ficou visível nos nossos rostos a imagem de que tínhamos passado um magnífico fim-de-semana.
Permaneceu no ar, o aroma do azeite, os cheiros do granito e do xisto. Para além da simpatia das gentes. Deixa a vontade de um dia voltar àquelas terras Raianas.
Crónica de João Paulo Matias
Publicado em 20/12/2010
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