O road-book apontava as 06h00 da manhã, para a hora da partida. Embora não tivéssemos como objectivo cumprir horários, afinal estávamos de férias, havia que arrepiar caminho cedo, pois as previsões continuavam a apontar para os termómetros subirem até bem perto dos 40º, o que veio a acontecer.
Com as motos a km a zero na zona onde foi montado o palanque que viu partir sobre ele, as mil e muitas motos na edição deste ano do Lés-a-Lés, era tempo de partir.
Fomos deixando para trás, com saudade, a cidade de Tavira e o Gilão.
Tão perto mas tão longe do litoral algarvio. Sinais do isolamento, que cada vez mais estão votadas as gentes que vivem neste Portugal profundo.
Prepará-mo-nos para a travessia mas a água, como se esperava nesta altura do ano, nem vê-la, o que aconteceu em todas as outras que iríamos atravessar. Ainda assim, o fundo agora a descoberto, alertou para alguns cuidados a ter com a passagem por cima de alguma pedra mais solta. Nada que com o cuidado necessário não se possa transpor.
Ainda espreitámos para ver se víamos o Picanço Real, uma ave do tamanho de um melro mas talvez pelo calor que estava cada vez mais forte, o tenha convencido a aproveitar as sombras, em vez de ir à caça de insectos, repteis e até de pequenos ratos que faz questão de espetar em espinheiros e que lhe servem de despensa. Ave inteligente.
Estávamos no Monte da Corcha.
Apreciámos o moinho de vento, muito bem conservado e aproveitámos para refrescar as gargantas, com água, seguindo os conselhos que são dados aos participantes do Lés-a-Lés para evitarem as desidratações. Foram consumidos uns bons litros de água, ao longo de todo o trajecto.
E estávamos na Herdade da Espargosa, atravessando também a aldeia que lhe dá o nome, com apenas 33 habitantes.
Muitos coelhos cruzaram a estrada e avistámos também várias perdizes até que chegámos à ribeira onde, no Lés-a-Lés, estivemos na companhia do Rui e da Teresa. Foram horas muito bem passadas a "ajudar" os participantes a atravessá-la, tal era a "altura" da água. Momentos muito divertidos e inesquecíveis, passados à beira de um autêntico oásis, em pleno e puro Alentejo.
Pelo caminho fomos observando algumas curiosidades, como um painel solar gigante, sinal dos tempos, animais a repousar de baixo dum calor tórrido e muita ruralidade, entre outros. Motivos de interesse que tornam estes trajectos, ainda mais agradáveis, que o Lés-a-Lés procura dar a conhecer e desvendar.
O calor era muito, assim como a vontade de percorrer este interessante e simpático trajecto. Novamente em terra, para mais uma travessia a vau, passando por típica herdade e praça de touros.
Por aqui andou, na altura, a malta do G.M.da Vidigueira e dos Motards do Ocidente, a controlar os participantes da longa caravana do Lés-a-Lés.
Uma vez mais o calor não nos ajudou a avistar a fauna que por aqui habita, os Cágados ou os Veados.
Impunha-se uma paragem, pelo que depois de passar a Barragem do Alqueva, ali ao lado, fomos até um pequeno bar, bem junto à água. Estava a puxar para uma banhoca e que bem saberia mas tínhamos de arrepiar caminho de modo a chegar a Reguengos ao fim da tarde.
Já foram várias as vezes que por aqui nos perdemos, uma delas no moto-rali de Moura, em Outubro de 2008, com interessante visita à Adega Cooperativa. É sempre com grande prazer que voltamos a esta simpática vila alentejana. Uma terra com tanto para oferecer ao mototurista.
Ainda antes da janta, apreciámos o espaço, as vistas e degustámos um saboroso aperitivo, agora com temperaturas bem mais agradáveis.
Saborosas Migas e a Açorda Alentejana de Bacalhau, com um bom vinho branco da Adega Cooperativa local e um bom serviço no atendimento, compuseram este excelente repasto de sabores tradicionais alentejanos.
No dia seguinte fomos até à Covilhã, a segunda parte da primeira etapa do 14º Lés-a-Lés que em breve iremos "esmiuçar" por cá.
Pelos caminhos do 14º Portugal de Lés-a-Lés-3
Pelos caminhos do 14º Portugal de Lés-a-Lés-4
Pelos caminhos do 14º Portugal de Lés-a-Lés-5
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