Esta viagem teve como objectivos visitar a região de Champanhe em França e comemorar a maioridade do nosso casamento, procurando fazê-la mais ou menos nos mesmos moldes da viagem pela Europa em lua-de-mel no ano de 1990, pernoitando em parques de campismo, evitando a utilização de restaurantes, improvisando uma alimentação o mais variada possível. Tudo correu pelo melhor e vou procurar de forma resumida, dar uma ideia do que se passou nestes 12 dias de merecido descanso pelo menos mental.
1º dia – Águeda – St Jean de Luz – 785 kms
O relógio nunca mais anunciava a hora de partida mas também não era necessário pois antes das 7 da manhã já acordado, foi pegar na máquina fotográfica e registar o momento do nascer do sol, que aparece por trás da serra do Caramulo, anunciando a partida para mais uma viagem de moto, para aquele que há muito foi adoptado por nós como segundo país, onde nos sentimos como em casa, a França.
O objectivo para este dia era atravessar o “deserto” espanhol. Chegámos por volta das 7 da tarde ao nosso primeiro “hotel” junto à praia e perto a uma bonita vila Socoa-Cibourre, depois duma travessia calma e fresca, coisa que já não acontecia há alguns anos em que o calor por vezes é insuportável a rondar os 40 graus.
2º dia – St Jean de Luz – Limoges – 484 kms
Deixámos Cibourre, local a visitar com mais tempo e fizemo-nos à estrada. A N 10 não deixou saudades, pois como sempre está entupida de trânsito, tendo-nos obrigado a mudar de rota por estradas secundárias. Com isto perdemos algum tempo mas fomos compensados com as excelentes paisagens vinhateiras da região de Bordeaux.
Já instalados foi tempo de jantar ao som de música dos anos 80, acompanhado por um bom vinho da região de Bordeaux de 2005.
3º dia – Limoges – Epernay – 540 kms
Já pelo centro da França, o que saltou à vista foram os campos agrícolas a perder de vista onde sobressaíram os espectaculares bosques.
Alguns chateaux e catedrais compuseram um dia interessante, com passagem na bonita vila de Charité s/ Loire.
Também algo que nos marcou, foram os muitos memoriais aos mortos na 1ª e 2ª guerras mundiais, sobretudo nas zonas mais próximas das fronteiras que passámos nos dias seguintes.
4º dia – Visita às caves Moet & Chandon - Epernay
Logo que chegámos e depois das boas vindas dadas pelos muitos quilómetros percorridos já na região de Champanhe no dia anterior, era com natural curiosidade que nos dirigimos às caves de Moet & Chandon em Epernay e fazer a “degustation” do néctar da casa. Não é nada barata a visita para nós mas vale bem a pena. Depois de ver um filme sobre a “Maison” fundada em 1743, fomos percorrer os enormes corredores das caves a 37 metros de profundidade e cerca de 10º de temperatura, onde repousam milhões de garrafas, com destaque para o tão famoso “Dom Perignon”.
Depois do almoço no “hotel”, percorremos as 3 zonas onde se encontram os 3 tipos de uvas, que marcam a origem das várias combinações do champanhe, Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier.
Pelo meio uma visita à localidade de Hautvillers, onde se situa a abadia na qual Don Perignon intrigado, descobriu a forma de fazer o champanhe.
5º dia – Passeio ao Luxemburgo e Bélgica – 465 kms
Cumprida a 1ª visita às caves do champanhe e dada a proximidade ao Luxemburgo e à Bélgica, aproveitámos para visitar pela 1ª vez estes países. Pelo caminho fomos encontrando algumas coisas curiosas como um Centro Mundial da Paz, das Liberdades e dos Direitos do Homem em Verdun-França, mais memoriais aos mortos, incluindo cemitérios de soldados alemães, impressionante.
Chegados ao Luxemburgo que pouco mais é do que a cidade que lhe dá o nome, notou-se bem porque é o país que tem o maior rendimento “per cápita” da União Europeia. Agora o que não estávamos à espera era de encontrar um café português, duma funchalense, com tudo o que se pode encontrar tipicamente português e aquele café da marca mais portuguesa de todas, soube-nos às mil maravilhas só foi pena os 3,2€ que pagámos.
A passagem pela Bélgica foi breve e mais uma vez os sinais da guerra a lembrar tempos difíceis que ninguém deve esquecer.
6º dia – Visita às caves Castellane-Epernay
Estas caves contrariamente às primeiras visitadas, recebem uvas de vários produtores, é uma espécie de cooperativa e foi fundada em 1895. Começámos por visitar o excelente e completo museu, que nos conta todos os passados de como era feito e embalado o champanhe noutros tempos.
Depois subimos à torre de 66 metros e 237 degraus, construída em 1905, da qual se pode ter uma visão completa sobre a bonita cidade de Epernay e a região vinícola.
Seguimos depois para a visita às caves onde também se encontram mais referências históricas e muitos milhões de garrafas espalhados por autênticos labirintos de corredores e tempo para mais uma “degustation”.
A tarde foi preenchida com uma visita pela cidade, com especial atenção à avenida de Champagne, onde se encontram sedeadas as principais “ maisons” em faustosos palacetes.
7º dia – Epernay – Saint Diés de Vosgues – 293 kms
Cumpridos os principais objectivos, alterámos e bem o plano que em vez de nos dirigirmos para a costa atlântica, optámos por rumar para a região de Alsace. Pelo caminho passámos pela capital do repolho que até tem direito a uma rotunda com repolhos.
Não há muito a registar a não ser muita polícia e de moto e o facto de termos sido os únicos portugueses em 3 anos que tinham acampado por aquelas bandas. Pelo menos como turistas porque dois automobilistas quando viram a matrícula, fizeram questão de nos cumprimentar e eram naturalmente portugueses por lá radicados, estamos em toda a parte.
O parque era bom e bem situado junto ao rio que atravessa a cidade, capital do bonito e verdejante Parque Natural des Ballons des Vosgues
8º dia – Passeio a Freibourg-Alemanha e Basel-Suíça – 321 kms
Uma vez mais a proximidade da região com a Alemanha e Suíça, levou-nos a percorrer para além da passagem pela região de Alsace, boa parte do parque natural, onde encontrámos bonitas e verdejantes paisagens.
A primeira parte do passeio era uma passagem por Freibourg na Alemanha, onde tomámos o café mais caro da viagem 1,8€ cada. Também do lado alemão grandes zonas vinhateiras.
A passagem em Basel na Suiça foi breve, com a chuva a correr-nos de lá e a forçar-nos a um almoço de circunstância junto ao rio Rhein.
De volta a França entrámos pelo lado mais a sul do Parque Natural, com bonitas paisagens que as nuvens por vezes escondiam mas que dava uma outra visão da montanha, espectacular. Parámos num local bem conhecido dos motociclistas que por ali passam “Le Markestein”, onde os restaurantes e cafés têm cartazes à porta a dar as boas vindas ao pessoal das motos. Encontrámos um Napolitano muito falador mas bom rapaz, que até nos confessou que tinha conduzido Ferraris de F1!!!
O dia acabaria com muita chuva e duas valentes sandes a compor as barriguinhas.
9º dia – Passeio pela região vinhateira de Alsace e visita a Strasbourg – 222 kms
A Alsace é uma das mais bonitas regiões de França, onde se vê influência alemã por já ter sido território alemão, com os nomes da maioria das localidades a acabar em “nheim”, curioso. A arquitectura das casas é fabulosa e mais uma vez grandes extensões de vinhas, com uma das rotas mais conhecidas com 180kms.
Strasbourg é uma cidade que merece uma visita bem demorada, quer pela sua história, com um magnífico centro histórico, quer pelo que representa para a Europa, onde se situam a Sede do Conselho da Europa e do Parlamento Europeu.
Ainda tempo para uma visita pelas ruas do local onde estávamos, Saint-Dié des Vosgues e à catedral do séc. XII, destruída em grande parte em 1944, durante a segunda grande guerra, acabada a sua reconstrução em 1974.
10º dia – Saint-dié des Vosgues – Royat (Clermont-Ferrand) -571 kms
De volta ao burgo e com um desvio de rota não programado que acabou por ser interessante, passámos numa outra zona do parque natural onde estávamos, por La Bresse, onde nos cruzámos com muitas motos em passeio de Domingo. Deste troço não há fotos por preguiça da pendura mas valeu sobretudo pelas belas paisagens que encontrámos. Devido ao desvio e consequente atraso a vontade de fotografar era pouca pois tínhamos que palmilhar uns bons quilómetros e em estradas secundárias o tempo era coisa que não abundava mas foi pena a falha deste registo, fica para a próxima.
Acampámos numa localidade no alto da cidade de Clermont-Ferrand, acompanhados dum valente aguaceiro, depois de um dia sem chuva!!!
11º dia – Royat – Anglet – 599 kms
Um dia com pouca história durante a viagem, com algumas bonitas colinas e de volta às planícies de Bordeaux. O nosso “hotel” foi um camping de qualidade, onde tivemos direito a animação, durante o nosso jantar agora de faca e garfo, a comemorar a maioridade do nosso nó, regado com um Côtes du Rhone de 2004.
12º dia – Anglet – Águeda – 865 kms
Etapa longa, com bonitas paisagens no país basco e as curvas no Parque Natural de Montezinho.
O café de boas vindas seria em França mas de cá, próximo de Bragança, que nos soube às mil maravilhas no sabor e no preço.
Vamos aos números:
Do orçamento inicialmente previsto 1.300 €, gastámos cerca de 1.084 €, com tudo incluído.
Alimentação: 413 €
Estadia: 176 €
Gasolina: 417 €
Extras: 78 €
Kms percorridos: 5.266
Moto: Honda Pan-European ST 1100 de 1997
Estava assim concluída esta aventura, com os objectivos cumpridos, com sabor a pouco em muitos sítios por falta de tempo, a obrigar a lá voltar mas muito satisfeitos por tudo ter corrido bem e prontos para outra, venha ela.
Mais fotos e pormenores da viagem em:
Publicado em Outubro de 2010
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