Eskimós para gente dura e resistente

Foi com muita neve e frio glaciar que a 8ª edição dos “Eskimós” deu início a mais uma época mototurística oficial.

Pelo segundo ano consecutivo, um manto branco cobriu o Vale do Rossim, local onde habitualmente decorre esta concentração invernal em plena Serra da Estrela, organizada pelo Moto Clube de Vila do Conde.

Com aumento substancial de participantes e clubes, também devido ao cancelamento dos Pinguins e bom tempo para viajar, esta foi a edição mais concorrida de sempre. Chegou mesmo a ter metade dos inscritos vindos da vizinha Espanha. Alguns motociclistas ingleses voltaram a estar presentes, deliciados com o cenário e o excelente ambiente do encontro.

As previsões eram de temperaturas muito baixas. Rondaram os -10º, ultrapassados por vezes pelo vento que se fez sentir. Quem vai aos Eskimós, sabe que vai enfrentar normalmente condições climatéricas adversas. No entanto há quem não se prepare convenientemente e sinta “na pele” a dureza do frio extremo. Foi o que aconteceu com uns companheiros vindos do país vizinho. Depois da dura noite de sexta-feira, decidiram ir embora, por não terem equipamento adequado. Só as fogueiras não são suficientes.

Como sempre a boa disposição, os petiscos, as valentes fogueiras e a camaradagem, ajudaram a enfrentar o frio que tão bem caracteriza os Eskimós.

Nas grandes tertúlias à volta das fogueiras, em cenário idílico ou a conviver no iglo gigante, ao som das bandas que de forma simples animaram a noite, estes foram alguns dos condimentos para mais um convívio memorável de motociclistas, à boa maneira de outros tempos.

O Moto Clube de Vila do Conde está uma vez mais de parabéns, por todo o esforço em manter vivo este encontro único que cada vez mais está a angariar adeptos nacionais e de além fronteiras, também pelas excelentes condições que o parque de campismo oferece, a par das boas refeições servidas.

O clube já está a preparar a sua segunda concentração nacional que vai decorrer no primeiro fim-de-semana de Julho. É notável a grande dinâmica da malta de Vila do Conde.

O M.C.de Vila do Conde agradece o apoio da Câmara Municipal de Gouveia, Junta de Freguesia de Valhelhas, B.V. de Gouveia, GNR, Estradas de Portugal e Ecoresort Vale do Rossim.


Crónica de mais um memorável fim de semana 

Desde 2008 que tenho estado em todas as edições dos Eskimós e com muito gosto. 

A organização a cargo do Motoclube de Vila do Conde tem sabido manter o espírito que tem norteado este encontro, desde a 1ª edição no espectacular espaço natural que é o Covão d'Ametade, mais a sul da Serra da Estrela e à mesma quota do local onde hoje é realizada, o parque de campismo do Vale do Rossim a 1.400 e alguns metros.

O notável esforço  do clube em vir de tão longe para fazer a concentração, tem sido compensada com cada vez mais adesão de motociclistas nacionais, muitos da vizinha Espanha e de mais longe, como a Inglaterra ou Suiça. O nº de inscritos este ano andou no meio milhar.

Uma vez mais e parece que de vez, quando houver frio, a Mila vai continuar a preferir a lareira, eheheh

Quanto a mim lá estarei, entre amigos e companheiros que partilham o mesmo espírito.

Fui novamente e bem acompanhado pelos amigos resistentes, Rui e Armando, do Mototurismo do Centro. O habitual café em Vendas de Galizes e estávamos de novo na estrada, para levar os habituais petiscos.

Já próximo do local do encontro, a muita neve que tinha caído nos últimos dias, emocionava com tanta beleza, novamente depois do mesmo cenário do ano passado.

Já por lá andava muita gente que também tinha chegado no dia anterior.

Inscrições resolvidas e toca de montar a "barraca", em plena neve que maravilha, rrrrrr.

Hora do almoço e continuava o deslumbramento com tamanha beleza paisagística com motos, pessoas, boa disposição e reencontro com as amizades que se vão fazendo ou outras que nos acompanham há muito tempo.

Duas dessas amizades com quem estivemos durante este excelente fim de semana, foi o Joaquim de Coimbra e o Jorge de Palmela.

O tempo ameaçava com mais neve mas não passou disso. Ainda tentei convencer os meus companheiros de jornada a dar uma volta pela serra mas não estiveram para aí virados. Friorentos, eheheh

Optámos por ir até à nascente do Mondego e aproveitar para "apanhar rede". Esta é uma questão que as entidades competentes deveriam resolver. Não só por questões de comunicação mas sobretudo por questões de segurança, naquela zona onde se situa o parque de campismo. Valeu a simpatia da recepção do parque que facilitou o uso do "fixo".

Entretanto iam chegando cada vez mais companheiros, alguns pela primeira vez. Ficaram logo fãs.

(À procura da dita "rede")

De regresso à base, verificámos que estávamos enganados. Afinal era Verão, ahahah Corajoso.

Encontrámos malta amiga de Manteigas e de Lisboa, bem preparados para a neve.

Fomos dar uma espreitadela pelas fogueiras e fazer o nosso habitual "petisco". Bom presunto e chouriço lá de casa, queijo e pão da serra e bom vinho, foram à mesa e que bem souberam. A nós juntaram-se os amigos Rui, João e Elisa.

Entretanto as fogueiras tomavam forma. A organização tratou logo de mandar vir lenha que ajudasse e foi vê-las arder. O frio de "rachar" e com o vento a contribuir, só mesmo com boas fogueiras.

A azáfama era grande. Todos foram verdadeiros Eskimós.

Cada um adpatava-se às circunstâncias como podia. Alguns espaços pareciam "condomínios", eheheh.

Hora da janta. No final uma agradável surpresa. Ao meu lado estava um dos ingleses que nos visitaram, o Nigel.

Motociclista muito simpático e sabedor do que é ser viajante de moto, relatou as aventuras na estrada até aos Eskimós. O mau tempo em França e Espanha, terminando com sol em Portugal e chegada ao recinto com neve, deslumbraram estes amigos.

Prometeram que voltarão e nós cá estaremos para os bem receber.

Após o jantar, uma feijoada à maneira, houve a entrega da lembrança alusiva a esta 8ª edição, aos cento e muitos clubes presentes e à federação. Prova da vitalidade do associativismo no mototurismo.

A noite continuou muito animada no iglo gigante, com a actuação de duas bandas.

Cá fora continuava o convívio à volta das fogueiras, num cenário que mesmo de noite, teve um encanto único.

Eu e o Rui do MTC, passámos pela malta do Clube XT Portugal e lá encontrámos o amigo Edgar, conhecido pelo Vadio da XT, companheiro com grande espírito motociclista e simpatia. Fomos surpreendidos com cacau quente que soube muito bem. Malta do melhor.

Depois da interessante conversa, fui até ao "hotel". Mais parecia o do gelo. A água na garrafa já estava como pedra à muito, ahahah.

Às sete da manhã estava a pé. Fui até à moto e o ponteiro marcava ainda -9º, a foto da praxe foi tirada mais tarde. O vento estava mais calmo e o sol veio em força. Que maravilha de cenário.

A noite tinha sido bem dura. Nada melhor do que aproveitar o calor da fogueira.

O pequeno-almoço também já estava a ser servido.

A malta de mais longe, bem cedo começou a preparar-se para o regresso.

A simpática e resistente Florinda do Montijo que veio na sua Hornet pela primeira vez aos Eskimós, confessou que não queria que a sua "menina" apanhasse frio e tapou-a com uma manta. Que grande paixão.

Fomos dar uma volta até ao lago. Despedi-mo-nos dos companheiros, com um até p'ro ano. Era bem visível o contentamento por tudo o que se viveu uma vez mais neste encontro.

O nosso embaixador João Luís, motociclista dos "sete costados", está a preparar mais uma grande viagem, desta vez até à China. Para ele votos de boa viagem.

Foi tempo do regresso. Aos meus companheiros de viagem e convívio, um grande abraço.

Quanto a mim, regressei uma vez mais com a alma repleta do calor humano que tão bem caracteriza o encontro e que ajudou a ultrapassar a dureza dum tempo agreste mas de grande beleza.

Aos companheiros Eskimós, desde a organização aos participantes, endosso uma palavra de apreço, Bem hajam por terem contribuído para mais um grande convívio, entre aqueles que partilham a mesma paixão pelo mundo das motos.

Pr'o ano lá estarei. Boas curvas.

Álbum de fotos

Eskimós-2015 (Edgar-Vadio da XT)