Esta recta final da nossa viagem pelos caminhos do 14º Portugal de Lés-a-Lés, foi de Sabrosa a Boticas, por entre típicas aldeias e belas paisagens.
Apaixonante e relaxante trajecto até terras de Trás-os-Montes, em ritmo calmo ao longo de centena e meia de quilómetros. Um dos melhores que vivemos, nas várias edições em que participámos e que finaliza este passeio de forma memorável.
No dia anterior, a chuva acabou por adiar, como o previsto, a chegada a Sabrosa, terra de Miguel Torga.
O Sol apareceu em força e demos início à quinta etapa mas a pé... Antes de pegar nas motos optámos por visitar Sabrosa, começando pelo bonito trilho que indicava o road-book.
Entre videiras, por caminho típico, entrámos na vila passando pela casa onde nasceu Fernão de Magalhães, em 1480.
Apreciámos a Câmara Municipal, um dos edifícios brasonados que fomos encontrando até ao liceu, antes de continuarmos com as nossas fieis montadas.
De volta à estrada, a "partida" foi dada à porta do liceu Miguel Torga em Sabrosa.
A ermida da Srª da Azinheira, datada de 1586, com belos e interessantes pormenores no seu interior e "farol" inspirador de Torga, foi a primeira paragem do dia. Um espaço de meditação no alto da serra com o mesmo nome. Procurámos a fonte e apreciámos o local.
Deixámos o xisto para trás e agora a paisagem cada vez mais granítica, fazia-nos sentir a dureza destas terras. Justes já no concelho de Vila Real, seria a próxima aldeia a ser apreciada, com calma, pois hoje havia muito tempo para aproveitar cada quilómetro deste fabuloso trajecto.
Voltámos a reentrar no concelho de Sabrosa, passámos pela zona mineira de Jales e já perto da nascente do Pinhão, observámos a Ponte Romana, a partir da nova travessia do rio, antes de entrarmos na Barrela.
A travessia "granítica" da aldeia de Barrela, com pausa para o café da praxe, foi um dos momentos mais interessantes do dia.
Descida soberba até Vila Pouca de Aguiar, agora em obras a trocar-nos as voltas mas estávamos de novo no "carril", a caminho de Ribeira de Pena para o almoço.
A Tasca do Xico é um espaço muito agradável com uma vista fabulosa, a partir da sala onde fomos muito bem recebidos. Os petiscos estavam uma delícia.
Depois deste almoço, estava-mos prontos para uma tarde de puro mototurismo, por terras transmontanas.
Começámos logo pela visita a uma das três pontes de arame sobre o Rio Tâmega. Por sinal esta, secular, é a mais bonita e acessível. Um dos momentos altos desta viagem pelos caminhos do Lés-a-Lés.
Embora estivéssemos perto de Boticas, ainda havia muito para ver e apreciar. Locais de gente genuína, rija, com muito para contar. Vidas de trabalho, de esforço mas sobretudo de comunidade, de vizinhança, de tradições que fazem desta região, uma das mais interessantes do nosso país, para visitar calmamente ao ritmo da vida transmontana.
A bonita estrada N312 ladeada por bidoeiros, plátanos, áceres e carvalhos, conjuntamente com belas paisagens, preencheram as nossas almas de viajantes.
As aldeias de Veral, Fiães do Tâmega e Curros cativaram. Em Curros, paragem obrigatória para apreciar esta aldeia, das mais típicas que conhecemos. Desconhecida dos roteiros turísticos, merece bem uma visita.
O granito, a tipicidade das casas e a ruralidade, encantaram-nos de tal forma que quase perdemos a noção do tempo. É a magia destas terras.
Continuámos por mais aldeias típicas, Beça, Bobadela e Nogueira. Aldeias percorridas bem pelo centro, em pleno planalto transmontano a cerca de 850 metros de altitude. As terceiras mais altas de Portugal.
Ardãos, a aldeia mais a norte de Boticas, marcou uma vez mais este já longo trajecto, desde Tavira. Bons momentos foram passados com a malta do Clube Motard de Chaves que controlavam a longa caravana, bem no centro da aldeia, quando passou o Lés-a-Lés. Soube muito bem voltar a recordá-los.
Parámos junto ao Forno do Povo de Ardãos, interessante local, onde se reúne os habitantes locais e com quem conversámos um pouco, sendo o tema, exactamente, a movida do Lés-a-Lés. Notou-se a grande satisfação com que nos relatavam, com saudade, algumas das muitas sensações vividas.
A passagem pelo interior da aldeia é uma experiência única.
Continuámos por Sapelos até Sapiãos, observando interessantes pormenores que nos alertava o road-book.
Um velho pontão de pedra, uma igreja românica ou as sepulturas antropomórficas, à entrada de Sapiãos.
A passagem por Sapiãos entre campos e muito granito, encantou pela beleza característica das aldeias transmontanas.
Boticas era logo ali e depois de percorrermos algumas ruas da vila, chegámos ao fim desta fantástica aventura que foi percorrer todo este magnífico trajecto que ligou o nosso país de uma ponta à outra.
Festejámos a chegada junto à Câmara Municipal, desta vez com sol.
Despedi-mo-nos de Boticas e fomos procurar o nosso local de pernoita.
Já tínhamos passado à porta do Hotel Rio Beça, em Carreira da Lebre, próximo a Boticas, algumas horas antes. É uma unidade hoteleira muito simpática, acolhedora, onde ficámos muito bem instalados.
Estava marcado o jantar com o amigo Filipe do Clube Motard de Chaves, a esposa e alguns amigos do clube.
O restaurante Miradouro, bem situado numa zona alta da cidade, com soberba vista sobre a mesma, foi onde decorreu este excelente convívio.
Comemorávamos exactamente no dia 25 de Agosto, o 22º aniversário do nosso "nó" e alguém tratou logo de espalhar a notícia.
De forma entusiasta, celebrou-se uma data muito especial das nossas vidas, na companhia de bons amigos.
Obrigado ao Filipe, à esposa e aos amigos que connosco confraternizaram, pela forma como uma vez mais fomos recebidos e por tornarem este dia ainda mais especial.
O dia seguinte foi de regresso a casa, pelo Douro Vinhateiro até à Régua, onde almoçámos.
O restaurante A Velha Tendinha, local de paragem habitual dos passeios do MTC, por estas bandas, foi também a nossa escolha. Um lugar agradável bem junto ao rio Douro.
Daqui continuámos por Lamego, Castro Daire, São Pedro do Sul e Águeda onde nos despedimos dos nossos amigos e companheiros de viagem e aventura que seguiram até Coimbra.
Queremos por fim expressar o nosso agradecimento ao Zé e à Cristina, pela agradável companhia e companheirismo ao longo de toda a viagem. Bem hajam.
Assim termina esta fantástica viagem de férias pelos caminhos da nossa terra e que compuseram o 14º Portugal de Lés-a-Lés.
Álbum de fotos
Pelos caminhos do 14º Portugal de Lés-a-Lés-1
Pelos caminhos do 14º Portugal de Lés-a-Lés-2
Pelos caminhos do 14º Portugal de Lés-a-Lés-3
Pelos caminhos do 14º Portugal de Lés-a-Lés-4
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