Mototurismo de excelência pelo Douro Vinhateiro e terras de Sabrosa
O 17º Troféu de
Moto-ralis Turísticos Michelin/BMW da FMP, segue de vento em popa. Esta segunda
jornada, organizada pelo experiente Moto Clube do Porto, contou com 90
participantes integrados numa caravana de cerca de 70 motos que percorreu o
Alto Douro Vinhateiro, por fabulosas quintas e locais do concelho de Sabrosa,
nos passados dias 16 e 17 de Março.
Com forte apoio da Câmara Municipal de Sabrosa, através do entusiasta e participante presidente da autarquia, Dr José Marques, o qual para qualquer pedido da organização, a resposta era sempre a mesma “não se preocupe”, foi contributo decisivo para tornar este passeio mototurístico, num dos melhores de sempre do M.C.do Porto mas também do Troféu de Moto-ralis Turísticos da FMP.
Tudo isto graças à abertura e apoio de toda uma região ao mototurismo, desde a Câmara Municipal de Sabrosa à Associação Douro XXI, Associação Douro Histórico e a muitas outras entidades e pessoas.
Vamos lá então saber como decorreram estes dias no Berço de Magalhães e Torga.
Sabrosa, berço de Magalhães, Torga e Mototurismo
Na 6ª feira, 15, já Sabrosa bulia com as motos a estacionarem diante do Hotel Solar dos Canavarros, bonita unidade hoteleira que constituiu o quartel-general do evento. Toda a caravana aqui pernoitou, fez duas refeições, provou o azeite Lagar da Sancha e serviu de palco à irreverente actuação teatral do Grupo Filandorra.
Nessa mesma 6ª feira à noite, a “desorganização” do MC Porto despachou quase metade do secretariado aos mototuristas já presentes.
Sim! Quem é o Português que tem o seu nome numa cratera na Lua? E o seu nome nas duas galáxias mais próximas da terra? E o seu nome num estreito mágico no sul da América? E como se chamava a sonda que atingiu Vénus?
Vasco da Gama? Camões? Afonso Henriques? Pedro Álvares Cabral? Mourinho? Cristiano Ronaldo?
Nada disso. Magalhães, Fernão de Magalhães!Mais. Foi Magalhães que batizou o Oceano Pacífico! E a Patagónia e muitas ilhas deste planeta. Uma conceituada marca de GPS chama-se Magellan (Magalhães) e foi na chilena Rádio Magallanes que Salvador Allende fez o seu último discurso, em 73, só para citar alguns exemplos da força planetária do nome deste sabrosense.
Foi sob a sua áurea e a do grande escritor Miguel Torga, outro grande vulto deste concelho que as motos começaram a descer ao Douro pela sinuosa, rica e panorâmica N 322-2.
Deliciados, os participantes pararam finalmente no Alto Douro Vinhateiro e já junto às águas do rio, no cais do Ferrão, local onde muita pipa se carregou e descarregou para barcos rabelos. E os motociclistas tiveram de fazer isso mesmo, rolar pipas com cuidado para estas não caírem às águas do Douro.
Aquecimento feito em ambiente divertido e toca de subir as encostas pelas curvinhas que nos levaram à Quinta Nova da Nª Sra do Carmo.
Um mimo de requinte, os jardins que receberam a comitiva. Adaptada para hotel rural de muitíssimo bom gosto, a Quinta Nova ofereceu uma prova de vinhos que caiu muito bem no seio dos mototuristas. O road-book dava meia-hora para gozar o local, fabuloso sobre o Douro.
Quase em silêncio para não perturbar o ambiente, degustou-se o vinho e o ar que se respirava, o clima mágico de tal sítio.
E já que se fala em clima, um Bem-Haja a S. Pedro que entendeu ser pecado arruinar semelhante programa com arreliadoras chuvas. O tempo manteve-se seco nos dois dias, principalmente no sábado, o dia da etapa-rainha – melhor, etapa-imperatriz – deste passeio.
Cortiça por fora, moscatel por dentro
E depois, a sede era de vinho mesmo. Onde? Na Quinta do Portal, a terceira a abrir portas aos motociclistas.
Após a passagem pelas unidades de turismo da Casa das Pipas e Casa do Lagar, a comitiva tinha pela frente uma prova de vinhos… cega.
De venda, os nossos participantes tinham de saber distinguir um moscatel de um porto. Ora a Quinta do Portal produz vinhos de excelente qualidade e os seus moscateis são doces como os portos. Metade falhou redondamente!
Estávamos já a chegar a Sabrosa, após a passagem pela trabalhada Capela de S. Francisco, em Celeirós.
A entrada em Sabrosa foi idêntica à do último Lés-a-Lés, de forma a chegar-se junto à casa onde Fernão de Magalhães nasceu em 1480.
A etapa estava cumprida e o Hotel aguardava a comitiva. O Morgado promoveu o seu azeite e os mototuristas sentaram-se à mesa. A jantarada lá decorreu, com brindes e galhofa.
À sobremesa, Fernão de Magalhães puxou dos papéis e anunciou os vencedores de sábado: todos. Com um programa daqueles… Quem destoou foi o Augusto, organizador do MR de Guimarães, que deu-lhe para ser certinho e por isso recebeu um bonito livro de Sabrosa e o lenço amarelo, guia da classificação geral, à moda do ciclismo.
Virgens, queimada e o Peter Frampton
da concertina
E sem deixar pousar o microfone, entrou em cena o Grupo de Teatro Filandorra com uma actuação desconcertante inserindo motos, capacetes e o motociclismo num ode à fertilidade e à queimada, essa bebida mágica da Galiza que faz levantar um… morto.
Foi o engraçado mote para a aparição de um quarteto de concertinas que, alto lá, não eram tocadores quaisquer, principalmente o “chefe da banda” que fazia o que queria do instrumento musical.
Tema após tema, foi aquecendo e começou a subir para cima das mesas, a rodopiar como um pião, a saltar como um ginasta e a tocar como um virtuoso.
Pasme-se, entre acordes acelerados e de músicas recentes e na moda, fez o pino, rastejou, tocou de costas, com a concertina na cabeça…
Saiu em ombros e com ovação de pé!
Domingo para Torga
O domingo amanheceu como o sábado, cinzento e ameaçador, com a estrada molhada.
Mas uma vez mais, o tempo abriu e secou. Neste dia não fazia muita diferença.
A 2ª etapa tinha como nome “A Sabrosa Granítica, Farol de Torga“ ou seja, era direccionada a norte, completamente diferente da região vinhateira.
Parada de Pinhão recebeu a primeira paragem, logo pelas 9.20h da manhã.
O Dr. João Teixeira, Presidente da Câmara de Murça, abriu as portas da sua Casa do Adro, bonito Turismo Rural no meio da aldeia, para um aperitivo no alpendre junto à piscina. Que bom.
E a cultura veio a seguir, com filme e visita no museu dedicado ao escritor Aires Torres, homem que tanto lutou contra a ditadura e nascido em Parada.
Paradas é que as motos não ficaram muito tempo, pois rolaram até às margens do Rio Pinhão, para se deterem nos moinhos do Sr. Artur que, generoso como sempre, acomodou estômagos a todos neste moto-rali de autêntica engorda!
O road-book apontava agora a Garganta onde o Sérgio colocava à prova a perícia dos condutores numa curta corrida dos lentos.
E continuando pelos frios e duros cabeços rochosos tão bem descritos por Camilo Castelo Branco com um só frase “esta região é um paraíso terreal onde os lobos passam pelas pessoas e as pessoas passam pelos lobos como nós passamos pelos cãezinhos de regaço” chegamos ao santuário de Nª Sra da Azinheira, local que Miguel Torga considerava ser o seu farol. Recordando a infância do escritor e poeta várias vezes indicado para Prémio Nobel, o MC Porto montou aí o jogo da cobra, patifaria que fez andar homens feitos e pais de família aos trambolhões e uns por cima dos outros, numa maluqueira que divertiu quem participou e quem assistiu.
Estávamos em S. Martinho de Anta, terra de Torga. O passeio terminava e as quase 70 motos concentraram-se diante da câmara, uma vez mais.
Emoção à despedida
E foi o Dr. José Marques que entregou os prémios aos mais regulares.
João Krull e Carla do MC Albufeira em terceiros, Augusto Ribeiro e Paula dos Conquistadores de Guimarães em segundos e os crónicos vencedores, Fernando e Carla Silva em primeiros, estes a arrebatarem os lenços amarelos.
Com um bonito e bem declamado poema ao vinho, o Fernando Silva encerrou o evento em beleza.
(Texto adaptado e completo no site do M.C.do Porto)
Um mimo de requinte, os jardins que receberam a comitiva. Adaptada para hotel rural de muitíssimo bom gosto, a Quinta Nova ofereceu uma prova de vinhos que caiu muito bem no seio dos mototuristas. O road-book dava meia-hora para gozar o local, fabuloso sobre o Douro.
Quase em silêncio para não perturbar o ambiente, degustou-se o vinho e o ar que se respirava, o clima mágico de tal sítio.
Paraíso terrestre
Ainda deslumbrados pelo charme da Quinta Nova, as motos entraram noutro espaço poucos quilómetros adiante que voltou a abrir bocas e a arrastar queixos: a Quinta do Crasto, também alcandorada sob as águas calmas do Douro.
Os 130 hectares desta antiquíssima quinta produzem dos melhores néctares da região e do país. E por não estar aberta ao turismo, mais se realça o abrir dos portões às motos, que alinharam junto à adega onde o almoço seria servido. Mas antes, leves e sem capacetes, os privilegiados participantes deste evento foram convidados a subir à piscina desenhada por Souto Moura e a provar os vinhos, na companhia do próprio proprietário Dr. Jorge Roquette e seus convidados Dr. Agrelos, da Quinta do Espinhal, e um simpático grupo de finlandeses.
Não é fácil descrever tal espaço, rodeado da vegetação natural, sem relvados mas sim dos arbustos e árvores da região, como que camuflados num paraíso onde nos sentimos muito, muito bem.
Maravilhados, todos desceram então à adega e lagar onde o almoço seria servido num ambiente que abre o apetite a qualquer um. Havia mesas postas dentro dos lagares, por onde se entrava subindo e descendo escadinhas de madeira! O ambiente era de festa, de saborear o momento, de gozar cada minuto.
Ah, a comida? A condizer e saborosa! Era o prato de massa com carne, calórica e que servem aos trabalhadores das vindimas. Até a sopa arrebitava quem a comia!
Ainda deslumbrados pelo charme da Quinta Nova, as motos entraram noutro espaço poucos quilómetros adiante que voltou a abrir bocas e a arrastar queixos: a Quinta do Crasto, também alcandorada sob as águas calmas do Douro.
Maravilhados, todos desceram então à adega e lagar onde o almoço seria servido num ambiente que abre o apetite a qualquer um. Havia mesas postas dentro dos lagares, por onde se entrava subindo e descendo escadinhas de madeira! O ambiente era de festa, de saborear o momento, de gozar cada minuto.
Visita brasonada
Saciados, consolados, refastelados, os mototuristas fizeram-se de novo ao asfalto. Rolaram por Chanceleiros e pararam em Covas do Douro. Com a cafezada tomada, a comitiva desceu ao Pinhão e subiu a entusiasmante N323, estrada desenhada por engenheiro motociclista, de certeza. Que ricas curvas, ao longo do vale do Rio Pinhão, até Provesende.
Provesende que é talvez, a povoação com maior densidade de casas senhoriais brasonadas de Portugal. 11 (!) numa pequena aldeia. Aldeia que se torna assim “apalaçada” e cheia de encanto. Com as motos a adornar o pelourinho, esse monumento nacional que esteve inclinado mais de 200 anos após o terramoto de 1755, os participantes tinham nova prova à espera. Uma luta contra o relógio e de cesto de vindimas à cabeça.
Mostrando serem de raça, ninguém virou a cara à luta e alguns quase davam com os calcanhares no rabo, ameaçando deixar cair o pesado cesto (carregado com uns 20 kg de areia) sobre as motos na berma da “pista”. De 23 a 40 segundos, houve tempos para tudo.
A metade mais rápida passou a zero e os 30 corredores mais lentos penalizaram com 8 pontos. O Zé Valença ajudava à festa. Obrigava a mais voltas ao pelourinho, entrou por restaurantes dentro de cesta às costas, pintou a manta. A Rita e Susana mostraram serem mulheres rijas, para além de bonitas. Carregaram e correram com mais destreza que muito homem.
Ora correr tanto dá sede. Primeiro de cultura. Visitou-se os principais pontos de interesse de Provesende, como a padaria, a igreja, a casa do Dr. Joaquim Pereira – esse salvador do Douro da filoxera - e o café Arado, sempre ciceronizados pela simpática população de onde despontava o Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Luís Fernandes.
Mostrando serem de raça, ninguém virou a cara à luta e alguns quase davam com os calcanhares no rabo, ameaçando deixar cair o pesado cesto (carregado com uns 20 kg de areia) sobre as motos na berma da “pista”. De 23 a 40 segundos, houve tempos para tudo.
Ora correr tanto dá sede. Primeiro de cultura. Visitou-se os principais pontos de interesse de Provesende, como a padaria, a igreja, a casa do Dr. Joaquim Pereira – esse salvador do Douro da filoxera - e o café Arado, sempre ciceronizados pela simpática população de onde despontava o Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Luís Fernandes.
E depois, a sede era de vinho mesmo. Onde? Na Quinta do Portal, a terceira a abrir portas aos motociclistas.
E sem deixar pousar o microfone, entrou em cena o Grupo de Teatro Filandorra com uma actuação desconcertante inserindo motos, capacetes e o motociclismo num ode à fertilidade e à queimada, essa bebida mágica da Galiza que faz levantar um… morto.
Pasme-se, entre acordes acelerados e de músicas recentes e na moda, fez o pino, rastejou, tocou de costas, com a concertina na cabeça…
Saiu em ombros e com ovação de pé!
O domingo amanheceu como o sábado, cinzento e ameaçador, com a estrada molhada.
Mas uma vez mais, o tempo abriu e secou. Neste dia não fazia muita diferença.
A 2ª etapa tinha como nome “A Sabrosa Granítica, Farol de Torga“ ou seja, era direccionada a norte, completamente diferente da região vinhateira.
Estávamos em S. Martinho de Anta, terra de Torga. O passeio terminava e as quase 70 motos concentraram-se diante da câmara, uma vez mais.
Emoção à despedida
Chegou o momento da foto de família, divertida e refrescada pela água do lago.
A pé, a comitiva foi almoçar ao hotel, em rápido buffet. Num ápice já o Grande Navegador, acompanhado da sua tripulação de 11 marinheiros e marinheiras da desorganização (que estiveram muito bem) recitava classificações e fazia agradecimentos. As lembranças espalhavam-se por todas as mesas, desde garrafinhas de azeite Lagar da Sancha a BD sobre a história do Douro e o interesse da plateia convidava a umas palavras especiais ao Dr. José Marques, Presidente da Câmara de Sabrosa, pelo gosto que teve em idealizar o passeio, promover a região e receber a centena de visitantes.
Visivelmente emocionado, recebeu uma lembrança do MC Porto e convidou ao regresso!
Visivelmente emocionado, recebeu uma lembrança do MC Porto e convidou ao regresso!
João Krull e Carla do MC Albufeira em terceiros, Augusto Ribeiro e Paula dos Conquistadores de Guimarães em segundos e os crónicos vencedores, Fernando e Carla Silva em primeiros, estes a arrebatarem os lenços amarelos.
Com um bonito e bem declamado poema ao vinho, o Fernando Silva encerrou o evento em beleza.
(Texto adaptado e completo no site do M.C.do Porto)
A 3ª jornada
do 17º Troféu de Moto-ralis Turísticos
Michelin/BMW da FMP, é já nos próximos dias 13 e 14 de Abril, com o Moto Clube
de Albufeira a ser o clube anfitrião de mais uma passeata mototurística.
Álbum de fotos
Foi mais um excelente passeio e fim-de-semana na companhia de bons amigos, à descoberta deste nosso admirável país.
A equipa "desorganizadora" do Moto Clube do Porto está de parabéns, por nos ter proporcionado todos estes bons momentos mototurísticos.
Álbum de fotos
Foi mais um excelente passeio e fim-de-semana na companhia de bons amigos, à descoberta deste nosso admirável país.
A equipa "desorganizadora" do Moto Clube do Porto está de parabéns, por nos ter proporcionado todos estes bons momentos mototurísticos.
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