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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Pelos encantos do Gerês-Agosto de 2011

O belo Parque Nacional da Peneda-Gerês, foi o local escolhido para passarmos alguns dias de férias, cá dentro. Bem integrados na natureza e a apreciá-la, foram dias muito bem passados, numa das regiões mais bonitas de Portugal.


"Há sítios no mundo que são como certas existências humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição. Este Gerês é um deles." Miguel Torga

Miguel Torga não podia estar mais certo, quando proferiu estas palavras, que definem da melhor maneira esta fantástica região do nosso país. 

Já por lá passámos várias vezes e encontramos sempre novos locais que nos fazem voltar novamente. Este ano acampámos novamente no belo Parque de Campismo do Vidoeiro, na Vila do Gerês onde já lá  tínhamos estado em 1996. Foi o recordar de bons momentos passados neste local também.

No passado dia 25 de Agosto fazíamos 21 anos de casamento e foi nesse dia que decidimos partir para esta meia dúzia de dias disponíveis, para deambular pelo parque. Depois de seguirmos pela A24 até à Régua, continuámos pela N2 até Vila Real. Um bonito trajecto pelo Alto Douro Vinhateiro.



A partir de Vila Real, o bonito Parque Natural do Alvão aguardava a nossa passagem. A aldeia de Lamas de Olo, hoje um pouco descaracterizada, onde praticamente já não se encontram casas cobertas de colmo, seria um dos locais de passagem mais interessantes a observar. A ruralidade encantou pela sua beleza.







Um dos locais onde ainda não tínhamos estado era no Monte Farinha, mais conhecido sobretudo pelos ciclistas como Monte da Senhora da Graça, junto a Mondim de Basto. Bem longe, de qualquer quadrante se começa a avistar o monte, que tortura a mente dos ciclistas que têm de percorrer o trajecto até ao cimo, com inclinações generosas. 


Com bom piso e óptimas curvas, é um trajecto também ele interessante para se fazer de moto e as bonitas paisagens que se vão avistando, enquanto se vai contornando o monte, complementam este passeio até ao Santuário  da Sra da Graça. Antes de fazer a subida almoçámos bem no centro de Mondim de Basto.



Chegados ao santuário, a visita acabou por ser curta, pois a ameaça da chuva pairava e desta vez não estávamos lá muito preparados para a chuva, afinal é Verão e as previsões não eram de grande chuva. Acabámos por verificar nos restantes quilómetros até ao Gerês, que afinal a meteorologia não estava a acertar e debaixo de uma chuva que teimava em chatear, lá seguimos, um pouco molhados por fora mas satisfeitos pela escolha do trajecto. Do alto as vistas são espectaculares.




Enquanto foi possível fotografar, a pendura foi continuando a captar mais algumas bonitas imagens, desta bonita região do Baixo-Minho.



A chuva continuou, mesmo depois de termos acampado. Foi num ápice a montagem da tenda. O parque de campismo, com excelentes condições, continua praticamente na mesma desde a última vez que por lá tínhamos estado, em 96. De todos os parques por onde temos acampado, este é seguramente o que encontrámos mais integrado na natureza. O rio Gerês que o atravessa, cria pequenas piscinas naturais, muito concorridas pelos campistas, sobretudo malta jovem que vem dos mais variados países para apreciar o Parque Nacional, pernoitando num local de rara beleza e onde se pode acampar em locais, onde se pode evitar ao máximo o ruído, apenas contemplando o silêncio e o som das pequenas cascatas do rio.



Este primeiro dia finalizou com o jantar de comemoração do aniversário de casamento, no restaurante Pedra Bela, bem no centro da Vila do Gerês. A boa gastronomia regional, é um dos atractivos, para além da boa localização. 



O dia seguinte nasceu solarengo. o objectivo era visitar a Serra do Gerês e as suas aldeias.

Começámos por passar na zona protegida do parque, que vai de Leonte até à Portela do Homem, fronteira com Espanha. Para evitar e bem o desgaste da presença humana, sobretudo com a passagem de veículos automóveis, é cobrada uma taxa e não é permitida a paragem entre os postos de controle. Desta forma é possível contemplar este bonito e verdejante trajecto com calma e pouco reboliço.



Reboliço, esse sim, passou para o lá de lá da fronteira. É ver os portugueses a "invadir" a pequena localidade de Torneiros, do lado da serra do Xurés, para se banharem na piscina de águas quentes naturais ou no rio logo ali ao lado. Passámos por Espanha, devido ao trajecto de ligação à aldeia de Tourém, bem no extremo norte do parque, ser mais fácil por ali.


Por entre também bonitas paisagens do lá de lá, seguimos para Tourém, não sem antes andar um pouco aos "papéis" para dar com a estrada, depois de teimar em não seguir a indicação da fronteira, por onde deveria de seguir. Acabou por ser divertido ir dar a uma aldeia e acabar a estrada numa igreja, em plena terra batida, veio logo à memória os trajectos sempre divertidos do Lés-a-lés.





A passagem por Tourém foi breve pois a fominha apertava e o objectivo era ir almoçar a Pitões das Júnias. Já conhecíamos a aldeia, que se encontra bem preservada e que merece bem uma visita com mais calma, que terá de ficar para outra altura.


Chegados a Pitões das Júnias, aldeia que nos é querida pelos bons momentos que já por lá vivemos, nas várias visitas que lhe fizemos, uma delas em 89, que nos ficou na memória. Acampámos junto à escola primária e fazia um vento de tal maneira forte, que me obrigou a segurar a tenda à moto. Nesse tempo havia ainda muitas casas cobertas de colmo, hoje infelizmente, só se encontra uma ou outra. Penso que aqui como noutras aldeias, houve uma grande falha na preservação de algumas destas casas, no seu estado natural, de modo a preservar a nossa história e cultura. Existe no entanto um Eco-Museu que procura preservar essas memórias, é algo de positivo e de louvar. O almoço foi na Casa do Preto. A temperatura baixa que se fazia sentir foi combatida com uma bela sopa caseira bem quentinha, acompanhada de um bom entrecosto grelhado.





A gasolina por estas bandas não abunda lá muito e depois de ter deixado para trás a possibilidade de poupar uns cobres em Espanha, lá tivemos de abastecer em Montalegre. Um pequeno desvio com belas paisagens.


De volta à rota estabelecida, passámos pela Barragem de Paradela. É bem notório o contraste entre o verde e "dureza" paisagística dos montes que circundam a barragem. As gentes destas terras altas dizem que têm três meses de Verão, três de Inverno e seis de Inferno.



Continuámos a deambular pachorrentamente pela Serra do Gerês em direcção à Barragem de Salamonde, que se encontra em obras. Aqui e ali o granito das aldeias, sobressaía nas bonitas paisagens que íamos observando. Ao longo destes dias de passeio, cruzá-mo-nos com animais que livremente vagueiam pelas serras, incluindo as estradas. Algo que se deve ter em atenção, pois nunca se sabe quando estão ao virar da próxima curva.






A bonita albufeira da Barragem da Caniçada, começou a ser avistada. As primeiras imagens recolhidas, depois da chuva do dia anterior. 








Uma valente "francesinha" na Pizzaria Vai... Vai..., seria o terminus deste segundo dia, pleno de belas paisagens e imagens, deste lado do parque.

O terceiro dia estava destinado à visita das outras três serras que compõem o parque, do lado oeste, a Serra da Peneda, a Serra do Soajo e a Serra Amarela.


Seguimos na direcção da Barragem de Vilarinho das Furnas, por estrada pitoresca que contorna inicialmente a albufeira da Barragem da Caniçada. Passámos por São Bento da Porta Aberta, lugar de culto, onde se encontra o santuário com o mesmo nome.





Ainda antes de chegar à barragem, encontrámos vestígios da passagem dos romanos por estas terras e fizemos uma incursão pelas aldeias típicas.





A estrada levou-nos por paisagens graníticas e verdejantes até à aldeia típica de Brufe, em plena Serra Amarela, com cerca de 60 habitantes, onde fizemos uma paragem para observar melhor este local. Lá podemos encontrar espigueiros, eiras, sequeiras e moinhos-de-água que compõem este ambiente tipicamente rural, a par do conjunto arquitectónico simples e granítico.









Continuamos depois na direcção da vila do Soajo, por aldeias e vales, que nos fazem sentir o Portugal profundo, onde gente rija se adaptou a uma forma de vida dura mas saudável.





Passagem ainda pelo aproveitamento hidroeléctrico do rio Lima, através da antiga Central Hidroeléctrica do Lindoso, construção que remonta a 1908 e é monumento nacional.


Após um almoço volante do tipo sandes de presunto e uma bejeca na vila do Soajo, as paisagens continuaram a deslumbrar pela sua grande beleza. Ao longe já se poderia ver o santuário da Sª da Peneda. Bonitas e típicas aldeias que fomos atravessando e observando, foram ficando na memória.






Passámos pelo santuário, que já conhecíamos, bem como Castro Laboreiro, depois de passar por Lamas de Mouro onde existe uma excelente área de lazer, integrada numa paisagem de rara beleza, que se pode observar no vídeo que iremos posteriormente publicar.





O caminho mais fácil para voltar ao ponto de partida foi por Espanha, uma vez mais. Depois de passar por Castro Laboreiro que estava muito movimentada, devido aos muitos turistas que por esta altura também a visitam, não convidou a parar. Registámos no entanto a interessante ponte romana à saída da aldeia. Depois foi rumar novamente à fronteira pela Portela do Homem, onde na cascata muitos aproveitavam esta beleza da natureza, com água bem fria.



Na descida até ao parque de campismo, podemos avistar numa outra perspectiva a albufeira da barragem da Caniçada.


Ainda antes do jantar fomos dar uma espreitadela às belezas do parque de campismo.






A janta foi no Geresino, um simpático restaurante a norte da Vila do Gerês. Depois fomos "esticar" as pernas até ao centro da vila, onde actuava uma banda filarmónica, para poucos mas resistentes, pois a temperatura não ajudava nada.


Tínhamos pensado em fazer no quarto dia uma caminhada. A partir da cascata da Portela do Homem, fizemos parte do caminho que vai dar às Minas dos Carris. O objectivo era apenas seguir o rio Homem até onde ele enfraquece, sendo alimentado de verão por um ribeiro que vem lá bem do alto da serra. Pode-se observar pequenas lagoas e paisagens de grande beleza, para além do trajecto verdejante.






Foi numa delas que fizemos o pic-nic, não sem antes tentar entrar na água mas foi apenas para a fotografia. Pode-se dizer que a água límpida a convidar a uma boa banhoca, rondaria possivelmente os 10 graus. Lá que estava gelada estava, uff!!!


Continuámos até um pouco mais acima mas pouco depois resolvemos regressar.



No regresso fomos pela Via Romana que vai até à barragem de Vilarinho das Furnas. Um trajecto em terra batida em bom estado que vale a pena percorrer. Para além de vestígios daquele tempo, o percurso é uma verdadeira reserva botânica, de grande importância para estudos nessa área.




Chegando à albufeira, pode-se avistar a aldeia de Vilarinho das Furnas submersa em 1971. Um processo que ainda hoje é relembrado com angústia por quem habitava a aldeia e que viu as suas vidas alteradas de forma dramática, pela subida das águas do Rio Homem, que alimentam a barragem com o nome da aldeia. Hoje é uma atracção turística, que nos deixa apreensivos ao ver os escombros da aldeia que se podem observar bem de perto, sobretudo quando o nível da barragem é baixo. Em 89 estivemos lá e sinceramente não tivemos vontade de lá voltar.



O trajecto levou-nos pelo Campo do Gerês, um dos locais de muita importância para o parque, devido à diversidade de motivos de interesse turístico, quer local, quer das actividades ligadas ao PNPG. A estrada de regresso mais cutro a partir deste local é feito pelo alto da serra, de onde se tem uma vista privilegiada sobre a região e a albufeira da barragem da Caniçada. Infelizmente os incêndios estragaram uma parte significativa deste belo trajecto, ainda assim vale a pena por lá passar.



Estava a chegar ao fim a nossa estadia por terras do Gerês. Aproveitámos para conhecer um restaurante muito simpático e típico na Vila do Gerês, a Adega Regional. Uns Rojões à Minhota e uma bela Espetada de Porco Preto, acompanhada do verde da região e finalizado com saboroso Leite Creme, compuseram este excelente jantar.





No dia seguinte era tempo de arrumar as "trouxas" e regressar a casa. Escolhemos o trajecto mais directo, que passaria pela Póvoa de Lanhoso, Guimarães, Vizela e Penafiel onde com o santuário da Srª da Piedade como pano de fundo degustámos uma saborosa "francesinha" no Café Royal.






A ameaça de chuva no dia seguinte, fez-nos regressar mais cedo. Foram cinco dias muito bem passados nesta bela região do norte do país.

Nos últimos anos temos aproveitado as férias para viajar para fora do país. Somos apaixonados por grandes viagens de moto, no entanto por diversos condicionalismos da vida apenas pudemos aproveitar estes dias, que procurámos aproveitar da melhor maneira.

A diversidade do nosso país em regiões, locais, cultura, história, gastronomia, a par das belezas paisagísticas, muitas delas autênticos paraísos, fazem com que não tenhamos necessidade de sair de cá para passar uns bons dias de férias.

Caso estejam reunidas as condições necessárias, já estamos a pensar para o próximo ano, o que fazer além fronteiras. Até lá, sempre que possível, vamos continuar a aproveitar o melhor da nossa terra.

Álbum de fotos

Vídeo

1 comentário:

  1. Belo passeio pelo nosso Portugal que tantos recantos tem pra mostrar!!
    Obrigado pela partilha!!

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