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domingo, 3 de julho de 2011

Tempo para descobrir Portugal

Paisagens deslumbrantes e ritmo tranquilo em verdadeiro banquete mototurístico.


O calor transmontano Lés-a-Lés 2011
Agradados pelo novo formato, os participantes do 13.º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor tiveram mais tempo para apreciar o turístico percurso desde Mogadouro a Castelo de Vide, e daí até Lagoa. As mudanças, efectuadas pela Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal, permitiram terminar as etapas mais cedo, promovendo assim o ambiente de confraternização no seio da enorme caravana.


As partidas madrugadoras, aproveitando da melhor forma a frescura matinal em etapas mais compactas, que terminaram mais cedo do que o habitual, foi uma das novidades na organização do 13.º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor. Tudo em prol do mototurismo de qualidade, com mais tempo para apreciar os muitos motivos de interesse no percurso gizado entre Mogadouro, Castelo de Vide e Lagoa. E que proporcionou, também, algumas concentrações inusitadas em locais diversos, de Barca d’Alva a Santa Clara-a-Velha, passando por Vila do Touro, Sabugal, Penha Garcia, Póvoa e Meadas ou Vidigueira, pacificamente invadidos por centenas de alegres mototuristas.

Inovador foi também o roteiro, em aplaudido regresso à zona raiana, que começou a ser desfrutado por terras de Mogadouro, através de inúmeras aldeias que pontilham 15 das 28 freguesias de um dos maiores concelhos do País, com duas igrejas românicas, dois castelos e três pelourinhos como pontos altos. Além, claro está, das paisagens marcantes e das gentes, essa população cuja simpatia inundava as ruas à passagem da longuíssima caravana, em aplausos sentidos de quem vive um dos momentos de maior animação do ano com a passagem dos motociclistas. Sorrisos genuínos, como puro é o empenho e entusiasmo que as duas centenas de voluntários que colaboraram com a organização do 13.º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor colocam em todas as acções. A começar pelas verificações técnicas que, durante o dia feriado do Corpo de Deus, animaram o centro de Mogadouro. E cuja eficácia surpreendeu até pessoas profissional e desportivamente ligadas a actividades motociclísticas bem mais profissionalizadas, como António Lima, um dos responsáveis do Motor Clube do Estoril e do GP de Portugal em MotoGP, ou Joaquim Cidade, importador da Michelin para Portugal e ex-piloto com laureada carreira na velocidade, no enduro e no todo-o-terreno. E com algumas esplanadas e cafés por perto, foi grande a animação em Mogadouro durante todo o dia e que se prolongou até ao início da noite.
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                                                                        Partida de Mogadouro Lés-a-Lés 2011

«Dos Templários aos Távoras», o prólogo pelo concelho de Mogadouro revelou muitos motivos de interesse para uma visita mais demorada, desde o início estrategicamente pensado no castelo da vila transmontana. Que terá surgido no mesmo local onde existiu um castro pré-histórico, e que, antes de ser pertença do Reino de Portugal, albergou romanos, visigodos e árabes (que lhe chamaram Macaduron). Primeira página de uma História que nem o pó das ruas em obras ensombrou e que continuaria no castelo de Penas Róias, também doado por D. Afonso Henriques aos Templários, buscando garantia de defesa da integridade nacional.

Terra que, antes de ser de Trindade Coelho, ilustre escritor, magistrado e político nascido há 150 anos, foi dos Távoras, família que durante 300 anos, entre os séculos XV e XVIII dominou toda a região, antes da trágica perseguição pombalina, acusados da conspiração do assassinato do Rei D. José I, em 1758. Aula de história por todos apreciada e sublinhada pelos pelourinhos de Mogadouro, Soutelo e Bemposta, mas também pelas igrejas de Santa Maria do Azinhoso e de Algosinho. Imponente e antiquíssima a primeira, um dos mais importantes templos românicos nordestinos; singela e muito curiosa a segunda, tendo, durante séculos, servido, no seu interior, de cemitério à população local. Que era, então, em muito maior número, num processo de desertificação que parece irreversível, com pouco mais de metade dos habitantes que o concelho registava há apenas um século.

Tempo ainda para visitar as aldeias de Soutelo, Sanhoane ou Travanca, e para tentar avistar um milhafre-real ou um abutre-do-Egipto em jeito de preparação para a surpresa gastronómica preparada pela Câmara Municipal de Mogadouro. Que, em assumida defesa dos valores da terra, ofereceu o tradicional bulho com cascas ao jantar, a que muitos começaram por torcer o nariz mas que todos acabaram por provar. E aprovar!

O bulho, também conhecido por butelo, palaio ou chouriça de ossos, é um enchido feito a partir da carne junto ao espinhaço do porco, com tenrilhas e pontas de ossos que lhe conferem um sabor típico. E que é acompanhado pelas cascas, casulas, ou vasas secas, que são vagens colhidas ainda verdes, com o feijão ainda dentro, sendo cortadas em pequenos pedaços e secas ao sol. São cozidas juntamente com o bulho e servidas com batatas, orelha, focinho e pé de porco, bem regados com azeite cru.

Uma aposta com cunho pessoal de João Henriques, o vice-presidente da Câmara Municipal de Mogadouro, também ele participante do Lés-a-Lés, em segunda presença depois da estreia há exactamente uma década. E que, durante o muito aplaudido discurso, enalteceu, de forma sentida, «o civismo, a limpeza e o respeito de todos os motociclistas participantes» nomeando «todos os elementos de tão importante caravana como Concidadãos de Mogadouro».

Refeição consistente depois de um dia muito bem passado, em jeito de preparação para aquela que era anunciada como uma das mais interessantes etapas de sempre do Portugal de Lés-a-Lés.

                                                                     A felicidade de participar no Lés-a-Lés 2011

Aventura de início madrugador, já se sabe, com as primeiras máquinas a fazerem-se à estrada às seis da manhã, dando início a procissão internacional que durava mais de três horas e meia a passar. Uma caravana de jovens e menos jovens, com participantes entre os 15 anos e alguns septuagenários, e que voltou a contar com grande adesão espanhola, com bem disposto grupo de mais de 30 elementos, mas também com motociclistas húngaros, romenos, ucraniano, angolanos (o Fidelino Queiroz viajou propositadamente de Luanda), bem como emigrantes lusitanos na Argentina e Estados Unidos, apostados em (re)descobrir o País que os viu nascer.

Anunciada como verdadeiro banquete mototurístico, a ligação até Castelo de Vide revelou-se carregadinha de motivos de interesse, a começar pelas excelentes cerejas oferecidas em Alfândega da Fé, vila que tão bem sabe receber os motociclistas. Momentos propícios a um pouco de conversa, em local bem aprazível, que os condutores das cinquentinhas encurtaram para aproveitar o tempo mais fresco. É que, assim, com temperaturas mais baixas, estas máquinas infernais rolam melhor, menos propensas a problemas técnicos. Estes continuam, aliás, a ser dos grandes heróis do Lés-a-Lés, interpretando a rigor o espírito da grande aventura… sobretudo nas médias horárias.

Por falar em espírito de Lés-a-Lés, o início da primeira etapa mostrou vários pontos fortes, a começar pelo controlo instalado na aldeia de Gouveia pelos «lavradores e lavradeiras» do Moto Clube do Porto, no preciso local em que o percurso apresentava a única alternativa. Uma para os mais atrevidos adeptos da condução em pisos de terra, com passagem em Cilhade, a aldeia que será submersa pela albufeira do Sabor, a outra para as motos maiores, mais talhadas para as bem asfaltadas estradas panorâmicas. Pela primeira opção, muita foi a diversão para alguns bem conhecidos pilotos de todo-o-terreno, como o «dakariano» Paulo Marques ou Joaquim Cidade, numa pouco adaptada mas muito resistente scooter, bem como o mais jovem condutor deste Lés-a-Lés, Gonçalo Hortega, na pequena Aprilia RX 50, sempre com a companhia do homónimo pai, também ele praticante de longa data do off-road.

Sem tempo a perder, a caravana encontrou, quase de imediato, novos motivos para sorrir. Na espectacular descida desde o miradouro de S. Gregório em contemplação constante do vale da Vilariça, estrada bem aproveitada pelas máquinas menos potentes cujos condutores bem agradeceram estes momentos de descanso… para as mecânicas. Prazer de condução para todos que continuou nas curvas do Alto Douro Vinhateiro até Barca d’Alva com tempo para um café junto ao rio Douro onde elementos do Moto Clube de Mirandela picavam as tarjetas enquanto convidavam os participantes para a sua concentração motard. Convite que o Vasco Nicolau prometeu aceitar se conseguisse, até ao Algarve, arranjar o travão de trás da sua Famel Zundapp com a inconfundível cesta do pão. Ao que parece, não conseguiu, mas cumpriu todo o percurso mesmo sem travão…

                                                                          Controlo vespista no Lés-a-Lés 2011
Seguiu a eclética caravana rumo a Almeida, por entre pequenas e pitorescas aldeias, com modelos de todas as idades e cilindradas entre os 50 cc e os 1800 cc, das pequenas motorizadas de fabrico nacional às super-turísticas. Passando pelos scooters, desportivas, nakeds e trails de todas as cores e feitios, numa caravana que teve na BMW a marca mais representada, muito por força da GS, o modelo mais utilizado nesta aventura.

Outro ponto alto desta etapa, depois das fantásticas paisagens durienses, foi a visita a Almeida, com milhares de fotografias tiradas em pontos diversos da mais fantástica obra da engenharia militar portuguesa, verdadeiramente inexpugnável à força bélica da altura e que só a negligência, com uma estranha explosão do paiol, conseguiu «derrotar» em 1810. A visita, tão demorada quanto possível – que o Lés-a-Lés é para descobrir e voltar mais tarde… – fez abrir muitas bocas de espanto, incluindo as quase três dezenas de espanhóis presentes. Que aqui perceberam o porquê de tanta dificuldade em conquistar o pequeno Reino de Portugal.

Mais à frente haveriam de perceber também porque é tão difícil conquistar os 20 furos na tarjeta que é prémio maior para todos os participantes, atestando fiel cumprimento de todo o trajecto. É que os MotoGalos de Barcelos decidiram empoleirar-se bem no alto do castelo de Vila do Touro, obrigando a penosa subida que só a leitura dos divertidos sinais ia atenuando. Esforço na subida a um castelo que nunca acabou de ser construído, recompensado pelas fantásticas vistas proporcionadas. Diferentes das oferecidas pelo castelo de Sabugal, este sim devidamente acabado e em bom estado de conservação. E que, com o calor a apertar, justificou alguns momentos de descanso, em locais outrora calcorreados por reis e rainhas, principes e princesas. Incluíndo a Rainha St.ª Isabel que aqui terá protagonizado o milagre das rosas…

                                                                       Na Ponte de Sequeiros Lés-a-Lés 2011

Aperitivo histórico para o almoço, bem no centro do Sabugal, com uma salada fria servida em aprazível espaço, com boas sombras, que mereceu unânimes elogios de toda a caravana. E com digestão feita em Monsanto, com direito a vista do Galo de Prata da Torre de Lucano, prémio distintivo daquela que foi considerada, em 1938, a Aldeia Mais Portuguesa de Portugal. E cujas casas construídas sobre penedos, em perfeito estado de conservação continuam a justificar o título e as muitas fotografias aqui tiradas. Houve mesmo quem, com a desculpa do intenso calor que se fazia sentir, tenha optado por uma paragem mais prolongada na aldeia que D. Afonso Henriques conquistou aos Mouros e entregou à protecção dos Templários.

Quem não perdeu tempo por estas bandas foi Carolina Moura que, em 2010, estreou-se na grande aventura com 16 anos e agora regressou aos comandos da Sachs Top Racing, de 1985. Um regresso encurtado e que só foi possível após «intensas negociações familiares», terminando a maratona em Castelo de Vide, rumando a Santo Estevão para aproveitar o resto do fim-de-semana para estudar mais um pouco de matemática. Tudo para preparar o exame de aferição do 12.º ano, tentando manter a boa média das notas desta motociclista e flautista cujo futuro passa pela Escola Superior de Música.

Ainda assim conseguiu descobrir os homens e mulheres das cavernas, que elementos do Moto Clube do Porto e do BMW MC Portugal decidiram encarnar para aumentar o realismo de uma área onde se encontram muitas jazidas de fósseis e icnofósseis com mais de 480 milhões de anos. Um dos pontos de controlo mais fotografados por um pelotão que, sendo o maior de sempre, revelou enorme respeito e ainda maior civismo, em ambiente de maior alegria, em suma, de mais mototurismo.

Rumo às Termas de Monfortinho mas sem tempo para aproveitar os benefícios das águas hiopossalinas, os participantes puderam antes refrescar-se com os gelados oferecidos pela Bomcar, em mais uma pausa de convívio onde todos iam recordando as mais recentes imagens, gravadas na memória como nos cartões das máquinas fotográficas e de filmar. Como as transportadas por Alexandre da Silva, o actor que se estreou no Lés-a-Lés depois de «tanto ouvir falar nesta grande descoberta mototurística». Experiência intensa para o «Micael» de «Laços de Sangue» que prometeu desde logo «regressar para descobrir mais alguns tesouros de um País que continua a ser surpreendente. E muito belo!»

                                                                                 Rumo a Sul no Lés-a-Lés 2011
Menos interessantes, as longas e monótonas rectas em Espanha, na segunda internacionalização do maior evento mototuristico da Europa depois da ida e Olivença em 2007. «Desvio» para encurtar a distância até Castelo de Vide mas também para visitar a imponente Ponte de Alcantara que, mais de 1900 anos depois de ser construída, sob ordens do engenheiro Caio Julio Lacer, continua a servir sem limitações o trânsito rodoviário. O que diz bem da solidez da monumental travessia do rio Tejo, em momento que ajudou a suportar «a entediante passagem pelas longas rectas espanholas, sem prazer de condução e sem paisagens interessantes». Opinião de quase todos os participantes, expressa por Paulo Marques, que regressou, «pela quarta vez consecutiva ao Portugal de Lés-a-Lés para descobrir novas paisagens, momentos e (re)encontrar amigos».

                                                             Homenagem à Ponte de Alcántara no Lés-a-Lés 2011
Com Marvão no horizonte e passagem pela pitoresca estrada conhecida pelas árvores de fraldas, o pelotão rumou a Castelo de Vide que avistou do alto da Senhora da Penha, onde os «franciscanos» dos Motociclistas sem Fronteiras recomendavam uma vida pura e casta como única forma de conquistar o Céu… E, com paciência de santo, lá iam aconselhando os mais apressados a esperar, porque este ano ninguém «picava» antes da hora ideal de passagem, forma de reduzir as desnecessárias pressas na estrada e aproveitar para fazer mototurismo mais relaxado.

Com Castelo de Vide no coração, sentimento recíproco da população local, fez-se a caravana à estrada para aquele que se anunciava como o dia mais quente do ano. «Dificuldade maior ao longo de todo o trajecto, num percurso excelente, cheio de motivos de intesse, das imponentes paisagens do Nordeste Transmontano e das Beiras aos monumentos visitados, e onde toda a organização e controladores bem como todos os outros motards, foram simplesmente fabulosos», como sublinhou Alexandre da Silva, também conhecido como o «Simão Paradela», da novela «Lua Vermelha».

                                                                      Partida de Castelo de Vide Lés-a-Lés 2011
Em dia que começou com momento histórico, com pequeno-almoço associado à comemoração dos 500 anos do Foral dado por D. Manuel a Póvoa e Meadas, marcaria presença o pó, ainda que em muito menor quantidade que em anos anteriores. Tudo porque os MotoXplores abriram as portas da Herdade do Monte Redondo onde os aventureiros haveriam de concretizar a única travessia a vau do 13.º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor. Na Ribeira da Seda, com Moto Clube do Porto e BMW MC Portugal a ajudar à festa, tempo para refrescar os pés e dar uma lavadela às motos que, metros depois, voltariam a apanhar mais pó. Momento também para dois reputados políticos do universo motociclístico mostrarem o crescente à vontade na condução em fora-de-estrada, com o social-democrata Rodrigo Ribeiro e o comunista Miguel Tiago a tirarem partido das BMW R 1200 GS e F 650 GS que conduziam na passagem pelo traçado técnico ali delineado. «Ao terceiro ano já começa a ser fácil fazer todo o tipo de percursos», dizia o principal responsável pela aprovação da Lei dos Rails no Parlamento, enquanto Tiago, pedra basilar na luta pela Lei das 125 cc, garantia que «para o ano cá estaremos de novo porque o Lés-a-Lés é uma aventura viciante, com o condão de revelar novidades a cada ano que passa de um País extremamente bonito».

                                                                        Refrescar na Ribeira de Seda Lés-a-Lés 2011
Momento alto da segunda etapa de uma edição que confirmou o desejo de vários autarcas em voltar a ter a grande aventura nos seus concelhos, tendo disso dado conta aos elementos da Federação de Motociclismo de Portugal. Mas, logo de seguida, outro momento marcante, num dos mais surpreendentes e cativantes controlos de sempre, obra dos Motards do Ocidente que criaram espectacular praça de portagens à saída da Ponte de Ervedal, réplica à escala da Ponte 25 de Abril mas, desta feita, sobre a Ribeira de Avis.

                                                               Motards do Ocidente portageiros Lés-a-Lés 2011
Momento único que despertou grandes gargalhadas dos actores Vítor Norte e João Lagarto, sempre disponíveis para mais uma fotografia e um autógrafo. Motociclistas de todos os dias, o «Capitão Roby» e o «Carneiro Seixas» de «Morangos com Açúcar», amigos de longa data, «tanto na estrada como no palco» estavam encantados com «a concretização de um sonho há anos adiado», dando por «muito bem empregue o tempo para descobrir um País único, singular, espectacular e com paisagens deslumbrantes». Que continuaram a descobrir, até Lagoa, «atrás dos muitos amigos conhecidos durante a aventura» a quem se iam colando para evitar perder-se. «É que, como se já não bastasse conduzir e ver a paisagem, ainda era preciso ler o road-book. E era realmente complicado estar atento a esse livrinho com histórias fascinantes e uns desenhos muitos giros», como o descreveu João Lagarto entre sonoras gargalhadas...

E assim lá seguiram os Motards de Moliére para mais uns quilómetros até ao refrescante almoço na Vidigueira onde marcou pontos um gaspacho alentejano que ate os espanhóis, conhecedores desta iguaria mas à sua moda, se fartaram de elogiar. Uma sopa fria, com tomate, pimento, pepino, alho, orégãos, azeite, vinagre e muito pão, servida em agradável espaço ajardinado, à sombra, retemperador para a escaldante travessia até Lagoa.

E para fazer a digestão nada como uma visita às ruínas de S. Cucufate, restos arqueológicos de uma quinta agrícola romana construída há dois milénios. E onde a Moto Emergência registou uma das poucas ocorrências durante todo o Lés-a-Lés, depois de uma escorregadela da moto num bocado de areão existente na estrada. Um dos azarados que fez recordar que é imprescindível manter sempre a máxima concentração, e que mostrou, por outro lado, a grande segurança, cuidado e civismo de todos num evento desta dimensão, onde são totalizados – só no Lés-a-Lés propriamente dito – quase um milhão e meio de quilómetros!

                                                                          Junto a Ourique Gare Lés-a-Lés 2011                                                                                    
Com a monotonia das longas rectas alentejanas entrecortadas por enormes searas, olivais e campos de girassol, a caravana teve ainda oportunidade de rolar na Zona de Protecção Especial de Castro Verde, em ritmo bem lento para não incomodar as abetardas e outras aves estepárias. Antes de mais umas quantas estradas, em mau estado de conservação, que obrigavam a atenção redobrada, fazendo perder alguma da beleza paisagística. Valeu pela passagem do Rio Mira, em Santa Clara-a-Velha, onde os mas intrépidos e acalorados motociclistas não resistiram a mais uma banhoca. Afinal o Lés-a-Lés é, também, diversão... E é feito ainda pelas partidas como a preparada pelos elementos do Moto Clube de Albufeira, que apostaram na visibilidade do evento para chamar vários canais televisivos ao local onde, anualmente, realizam a única Subida Impossível em solo nacional. Jornalistas da treta mas que bem enganaram alguns incautos em momentos hilariantes...

Com o palanque final à vista, montado como todos os outros pela empresa Andaimes GJM, Lda, os participantes entregaram-se aos últimos quilómetros com redobrado apetite, visitando a loja da Moviflor em Portimão, antes de marcarem o último ponto junto ao farol de Ferragudo, deitando ainda o olho a praia do Carvoeiro na voltinha pela zona de maior animação de Lagoa. Ponto final de uma aventura única, onde o prazer de andar de moto se alia à vontade de descobrir um Portugal diferente e onde a solidariedade não é palavra vã. Entre os participantes como para com os locais atravessados pela caravana. Este ano foi a Michelin, em conjunto com a Milfa, importador nacional da marca francesa de pneus, a apoiar os Bombeiros Voluntários de Lagoa com a entrega de um cheque de 250 euros, fruto de uma campanha lançada junto dos motociclistas.

                                                                             Chegada a Lagoa Lés-a-Lés 2011

Caído o pano sobre a edição de 2011, entre Mogadouro, Castelo de Vide e Lagoa, há que começar a pensar no 14.º Portugal de Lés-a-Lés. Que, já se sabe, será realizado entre 7 e 9 de Junho.

Fonte: FMP

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