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domingo, 17 de junho de 2012

O nosso Lés-a-Lés

Quis o destino que este ano participássemos no Portugal de Lés-a-Lés "enlatados". Apesar dos condicionalismos, tudo correu pelo melhor, nesta memorável edição da grande maratona do mototurismo nacional.


Faz exactamente hoje duas semanas, vésperas de partirmos para Tavira, que aconteceu o impensável. Num dos habituais passeios pedestres, que vamos publicando no outro blogue, uma queda da mais-que-tudo, aparentemente sem grandes consequências acabou mesmo por a levar a uma pequena cirurgia ao pulso esquerdo. E ainda há quem diga que as motos são perigosas...

No panfleto do percurso pedestre, na bonita aldeia de Cambra, próximo de Vouzela, indicava uma interessante passagem por um trilho estreito, debaixo de carvalhos. 


Nuns degraus em granito, cobertos com folhas das árvores, deu-se a queda. Ao tentar apoiar-se com a mão esquerda, acabou por fracturar o pulso. O diagnóstico não foi nada animador, tendo sido logo marcada a cirurgia para terça-feira, véspera da partida.
Apesar do infortúnio, tudo correu pelo melhor e depois de uma noite no hospital por precaução, estávamos finalmente a caminho de Tavira... mas "enlatados".

Fomos logo muito bem recebidos pela malta "desorganizadora" no jantar de recepção e "brieffing", para a preparação dos trabalhos no dia seguinte.



A preparação do Portugal de Lés-a-Lés, é feita desde que termina a edição anterior. São muitos dias, semanas e meses a preparar esta grande maratona mototurística, pelo que quando chegamos ao terreno, já está tudo devidamente idealizado e estruturado, de modo a rapidamente se "montar o circo". A nossa primeira tarefa começou nas verificações técnicas. Enquanto ia zelando pela boa colocação dos autocolantes e escoamento do "trânsito", antes da entrada no palanque, na companhia do amigo Rui Bip, a Mila foi fazendo uns "bonecos". 

Um dia intenso, com muita e boa disposição a marcar o arranque, de mais uma edição do Portugal de Lés-a-Lés.








No dia seguinte, bem cedo, estávamos a caminho da Ribeira de Oeiras, na herdade da Espragosa. Juntamente com os amigos Rui e Teresa do BMW MC, "disfarçados de turistas", fomos "ajudando" os participantes a passar a ribeira com... 2 centímetros de altura de água. Muita galhofa à mistura e com gente a acreditar-se que havia uma zona profunda pelo meio, foram umas horas bem passadas num "oasis" muito bonito em pleno Alentejo.








Seguimos depois para o almoço em Reguengos de Monsaraz, continuando até à bonita aldeia de Alvôco da Serra, na encosta sul da Serra da Estrela, onde no dia seguinte seria efectuado o controle por nós, pelo Rui e a Teresa, a que se nos iria juntar os amigos Rui Cotrim, Sérgio Marques e Alfredo Castro que estariam mais adiante na calçada romana, a ajudar os participantes.

Uma jantarada à maneira, preparada de propósito para nós pelo senhor Adilar, numa das casas típicas da aldeia, retemperou-nos as forças para ainda nessa noite, fazermos um reconhecimento, àquela que seria uma das passagens mais carismáticas de todas as edições do Lés-a-Lés. 




Vestidos de acordo com os trajes de outros tempos, característicos da zona, a malta controladora, foi recebendo e "preparando" os mototurístas para a subida possível, à parte mais alta da aldeia, apreciando lá em bem no alto, a soberba vista sobre a aldeia.







O road-book alertava: "As malas estão bem firmes? Não tens nada de partir lá dentro?" e ainda em jeito de brincadeira "Vais ter saudades dos caminhos de terra".

O grau de inclinação e a irregularidade natural das pedras da calçada, "impunham" algum cuidado mas nada que não fosse possível fazer para as mil e muitas motos que por lá passaram. É preciso ter em conta que os habitantes locais por lá passam todos os dias e em veículos de duas e quatro rodas. Também recuando ao tempo em que a calçada foi feita, pelos romanos, passar por lá animais e carroças não deveria ser fácil mas também passavam. O Lés-a-Lés é isto mesmo, conhecer caminhos de outros tempos, com maior ou menor dificuldade mas sempre com espírito de aventura e boa disposição. 

Com certeza que todos, daqui por muitos anos se lembrarão, desta espectacular passagem por Alvôco da Serra.

















Era tempo de nos despedirmos de Alvôco e da sua simpática população que nos recebeu de braços abertos, com um até breve.

O rumo que tomámos, por vezes coincidia com o percurso, pelo que assim que avistávamos as motos, procurávamos de imediato deixá-las passar. Até Boticas ainda nos encontrámos com a caravana, algumas vezes.

Em Mação provámos o excelente presunto e apreciámos a grande movida do Lés-a-Lés, bem no centro da vila e muito bem documentada no vídeo que abaixo indicamos.

Já bem perto de Boticas, seguimos um pouco o percurso pelo road-book e fomos até à secular Ponte de Arame, sobre o rio Tâmega, em Ribeira de Pena. Por lá controlavam os Vespistas do Norte.






Em Ardãos, tivemos mesmo de ficar na entrada da aldeia, pois a passagem era só para as motos, bem no centro da aldeia. O Clube Motard de Chaves era o clube anfitrião e controlador. Uma passagem cheia de ruralidade e simpatia por parte da população que durante aquelas mais de três horas, viu a sua aldeia "invadida" por toda aquela gente quebrando a calma do seu dia-a-dia mas enchendo de vida e convívio, bem junto ao "Forno do Povo, onde os habitantes gostavam de passar os serões. E servia de refúgio a pobres, mendigos e peregrinos, onde comiam os "carolos" que solidariamente lhes eram oferecidos." in road-book

Uma passagem verdadeiramente espectacular, onde se deram a conhecer "todos os cantos da casa".








A chuva apareceu mas nada que estragasse a chegada a Boticas. Uma chegada em festa, à localidade que em 2009 viu partir a caravana até Olhão.


Foi uma despedida até pro ano, que como tudo indica terá início numa qualquer localidade do Norte rumo ao Algarve.

Para nós foi com muita honra e satisfação que participámos uma vez mais na "desorganização" do Portugal de Lés-a-Lés.

Como o prometido é devido, estamos já a preparar a "nossa edição" do Lés-a-Lés mas desta vez de moto, lá para Agosto, com a pendura restabelecida como se espera. Não será o mesmo do que estar no meio da caravana mas vamos procurar saborear cada quilómetro do interessantíssimo trajecto deste ano, através do excelentemente e bem elaborado road-book.

Deixa-mo-vos com alguns retratos que fomos fazendo, bem como artigos e imagens publicadas, desta magnífica edição do Portugal de Lés-a-Lés.








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