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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Mar de descoberta e aventura


Navegadores do 16.º Portugal de Lés-a-Lés passearam motos junto ao oceano Atlântico


Ondas de aventura e entusiasmo invadiram a mais marítima das edições do Portugal de Lés-a-Lés! Sempre junto à costa atlântica, navegadores dos tempos modernos, que trocaram as caravelas por motos de todos os tamanhos e feitios, de todas as marcas e cilindradas, ligaram Lagoa à cidade de Vila Nova Gaia, com paragem em Peniche e passagem em terras de profunda ligação ao mar. Dos pescadores de Setúbal aos banhistas da Figueira da Foz, passando pelos surfistas das escondidas praias da costa alentejana, de tudo ficou a conhecer a mais extensa caravana de sempre na maior maratona mototurística da Europa, organização da Federação de Motociclismo de Portugal.

Marcado pelo aroma a maresia e pela novidade de um trajeto inovador para a grande caravana, o 16.º Portugal de Lés-a-Lés mostrou, como habitualmente, locais de rara beleza mas, como raramente, bordejados por cativantes paisagens marítimas.

Verdadeira ode a um povo de marinheiros e descobridores, desde sempre voltado para o mar, e que foi, finalmente, visitado pelos aventureiros sem medo de adamastores e outros intimidantes monstros, da quilometragem às estradas nem sempre em boas condições, antes oferecendo marés de diversão e descoberta, ondas de fraternidade e prazer de condução ao longo de fim de semana intensamente vivido.

Das praias de Lagoa ao Cais de Gaia, com vista privilegiada sobre o centro histórico do Porto, mais de 1300 mototuristas deram corpo a aventureiro passeio que visitou os cabos Sardão, Espichel, Carvoeiro e Mondego, mas também a Fóia, a dura subida onde os melhores ciclistas marcam a diferença; Zambujeira, terra do maior festival musical de verão; Porto Covo, afamado pela voz melancólica de Rui Veloso; serra da Arrábida, marcada por deslumbrantes paisagens; Óbidos, onde a história é transmitida de forma intensa; Figueira da Foz, com o belíssimo areal e a refrescante serra da Boa Viagem; Costa Nova e as típicas casas coloridas; e a Ria de Aveiro, com emaranhado de canais e esteiros. Locais únicos – entre muito outros verdadeiramente deslumbrantes... – que marcaram a edição de 2014 do passeio ímpar que pretende mostrar um Portugal diferente, longe dos roteiros turísticos mais massificados, em contacto mais próximo da natureza. E, assim, proporcionar caleidoscópio de sensações intensas em cenário sem paralelo para juntar o prazer de viajar de moto e descobrir um País único, para aliar os valores de diversão e camaradagem, de liberdade e fraternidade. Com prazer acrescido pelos caminhos escolhidos, optando por estradas nacionais, municipais e até caminhos de terra batida, em detrimento das pouco interessantes autoestradas, SCUT’s, Itinerários Principais ou Complementares, em viagem que pretende recordar as deslocações de tempos idos.

Prólogo de intenso aroma a maresia

Preparativo para a grande aventura, o prólogo pelo algarvio concelho de Lagoa começou por deixar pistas claras do que seria o 16.º Portugal de Lés-a-Lés, com trajeto curto mas riquíssimo em pequenas, recortadas e escondidas praias e esplanadas onde se mataram saudades e colocou a conversa em dia. Afinal, esta grande aventura proporciona, como nenhum outro, (re)encontro de amigos em palco de eleição, com locais de intensa beleza natural e histórica. Foi o caso, este ano, de Estômbar ou Ferragudo, de vincadas origens árabes, ou do Carvoeiro, onde os imensos turistas não perderam o ensejo de fotografar tão colorido e heterogéneo pelotão de duas rodas.






Tempo ainda para apreciar os primeiros dos muitos prodígios da natureza, sublinhados ao longo das 48 páginas do elucidativo e divertido «road-book», mesmo quando a paisagem assentava nos muitos hotéis e condomínios que ocupam boa parte do reino dos algarves, pensado para os que procuram o sol em praias tão acolhedoras como Benagil, Marinha, Senhora da Rocha ou Albandeira. Areal minúsculo onde os elementos do Moto Clube de Albufeira deram corpo ao primeiro dos 16 controlos secretos de passagem, que atestam o cumprimento da totalidade do trajeto de cada Lés-a-Lés.

A fuga à capital e o regresso dos franceses

Prólogo que foi pequena preparação para a intensa etapa que levou a caravana da Praça do Auditório de Lagoa até ao porto de pesca de Peniche, em ligação de 524 quilómetros marcados pelo aroma a maresia e por muitos e fáceis caminhos de terra batida, forma única de descobrir algumas maravilhas da costa portuguesa, mantidas em estado quase virgem graças a essa menor acessibilidade.

Momentos de verdadeiro deleite para os sentidos, desde as magníficas curvas que levaram o pelotão ao alto da Fóia, o ponto mais alto do Algarve com os seus 902 metros de altitude, de onde foi possível apreciar o cabo de S. Vicente, separação das costas oeste e sul do litoral algarvio, mas também o espetacular Autódromo Internacional de Algarve, sob olhar atento do MC Albufeira que aqui montou animado quadro agrícola em local de controlo secreto. Em dia de paragens muito curtas, passagem pelas praias do Carvalhal e dos Alteirinhos rumo à Zambujeira do Mar onde o bucolismo de outrora só pode ser apreciado fora da época dos festivais.

Antes de Vila Nova de Milfontes, Ilha do Pessegueiro e Porto Covo (onde teve lugar a única passagem de um curso de água deste ano, em ribeirinho que mal deu para molhar os pneus...), tempo para uma paragem mais prolongada – afinal sempre foram 15 minutos! – no Cabo Sardão onde estava montada a primeira de várias aprazíveis áreas de descanso.




Verdadeiros oásis montados pelos principais patrocinadores do evento, da Lusitânia Seguros à BP, passando pela BMW/Bomcar, Michelin, Nau, Honda e Yamaha, onde foi possível tomar um café, beber uma água fresca, petiscar qualquer coisa e até carregar os telemóveis! Paragens em locais estratégicos como o Sardão, onde também a natureza marca pontos, sendo aqui possível apreciar o único ponto de nidificação marítima das cegonhas em território europeu.


A que se juntou, sempre que possível, a animação dos postos de controlo, como o do Moto Clube do Porto, na pequena aldeia de Paiol, onde «mulheres de vida fácil e outras de vida ainda mais sofrida», ora vendendo o corpo ora comercializando legumes, atestavam a passagem dos participantes de quem arrancavam enormes gargalhadas.

Menos interessante o desvio da orla marítima, rumo a Setúbal e depois na passagem ao largo Lisboa, fugindo às demoradas e imprevisíveis travessias por ferry-boat e da interdição às pequenas «cinquentinhas» das pontes da capital, obrigando a desvio alternativo por Santiago do Cacém, Grândola e Alcácer.




Após o almoço em Setúbal, a magnífica subida da serra da Arrábida ajudou à digestão, com paragens curtas em praias como a Figueirinha e dos Galápagos, de águas azuis em contraste com a densa vegetação de arbustos baixos, refúgio excelente para grande diversidade de fauna e único ponto litoral português onde nidifica a grande rara águia-de-bonelli. Motivos de interesse acrescido na viagem até ao Cabo Espichel, com os elementos do MC Cezimbra a registarem a passagem pelo local, enquanto o MC Varadero/Crosstoures apoiavam o oásis Honda que ajudou a saciar a sede, enquanto a sede de paisagens era mitigada em locais fantásticos junto ao mar, com passagem por Sesimbra e Meco.



Depois do Montijo, para fugir à confusão de Lisboa, passagem agradável por Alcochete, onde ninguém parece ter descortinado flamingos ou outras aves limícolas ficando-se pelo gado bravo que pasta nas herdades pelo pica do MC Convento de S. Francisco, e bem menos interessante por Vila Franca de Xira.


Valeu a surpreendente descida até Arruda dos Vinhos, com inusitadas paisagens marcando entrada na região Oeste, acolhida por interessante Feira Oitocentista em terra que tanto sofreu com a política da terra queimada, em 1801, aquando da 3.ª Invasão Francesa. E com soldados gauleses vestidos a rigor, lado a lado com vendedeiras e frades, pedintes e nobres, artistas e artesãos, rapidamente se esgotou o tempo previsto para a paragem na terra liderada pelo mais jovem presidente de câmara do País.







Torres Vedras e a homenagem a Joaquim Agostinho na passagem à porta de casa do mais mítico ciclista português de todos os tempos preparam a caravana para a visita à praia Formosa e Santa Cruz, onde os desportos de ondas trouxeram mais fama dos que as 22 espécies e subespécies de sargo que por aqui se pescam. A terminar o dia e logo após o controlo nas Termas do Vimeiro, a cargo dos Motards do Ocidente, estrada elegante e tranquila, batizada de Vítor Norte em homenagem ao ator que uma vez mais marcou presença no Portugal de Lés-a-Lés, levou o pelotão até Peniche, com passagem pela Lourinhã e pelo Cabo Carvoeiro. Carismática península da nossa costa que marca espécie de fronteira climatérica, com constantes referências dos meteorologistas que separam o tempo a norte e azul deste local, de onde é possível avistar a Ilha da Berlenga, primeira área protegida de Portugal, criada por decreto do rei Afonso V, que lá proibiu a caça em 1465. Apontamento histórico acompanhado da última marca do dia, feita pelos elementos da FMP, antes de um jantar de fazer honra as tradições piscatórias de Peniche, deixando os participantes particularmente satisfeitos com tão frescas sardinhas assadas.






A fauna marinha na mais curta etapa de sempre

À partida para a segunda etapa, a mais curta de sempre do Lés-a-Lés com os seus 321 km, o tempo fresco ajudou a despertar os mais madrugadores a saírem desde o palanque montado no porto de pesca de Peniche, com algumas nuvens e até uns pingos de chuva que não diluiriam as promessas de diversão no Litoral Norte.




Dia de forte intensidade turística, em percurso completamente inédito na aventura proposta pela Federação de Motociclismo de Portugal, rolando sempre junto ao mar, e lagos, passando por refrescantes estradas florestais e rias. Dia que começou pela visita ao Cabo Carvoeiro, em espetacular safari fotográfico, e à antiga ilha do Baleal que a natureza ligou ao continente por tômbolo de areia que criou ótimas condições para a prática do surf, ali nascendo, em 1993, a primeira escola nacional para a prática da modalidade.

Daí até Óbidos foi um saltinho, armazenando memórias de um praia lindíssima antes de regresso à história de Portugal, com receção real a cargo dos Motards do Ocidente em cenário condizente bem no centro da vila medieval conquista por Afonso Henriques aos mouros.


Claro que a passagem por Óbidos não ficaria completa sem a visita à famosa Lagoa – onde o oásis Lusitania Seguros albergava mais um ponto de controlo a cargo da FMP, antes da passagem pela foz do Arelho rumo a S. Martinho do Porto apreciando a baía criada entre as serras do Bouro e da Pescaria. E daí, por mais caminhos de terra que afastam os domingueiros e preservam a calma, visita às praias da Gralha e do Salgado, com a Nazaré já no horizonte, para descobrir como se forma a famosa onda gigante, tornada famosa pelo surfista Garret MacNamara.





Em dia de muitas paragens, tempo para aceitar mais um convite para uma bebida em S. Pedro de Muel, outro para estrear a nova sede do Moto Clube Motabout, de Vieira de Leiria e outro para relaxar no Oásis Bomcar, nas margens da Lagoa da Ervideira.






Paragens para ganhar apetite para o almoço, na Figueira da Foz, dona da mais larga praia da Europa e do mais antigo casino da Península Ibérica, com digestão feita na subida da Serra da Boa Viagem e passagem pelo majestoso Cabo Mondego, em direção à Lagoa da Vela onde a Yamaha oferecia uma água bem fresquinha e os Motogalos de Barcelos garantiam mais um furo na tarjeta, em cenário decorado a rigor.





Deixando para trás as belíssimas curvas da Boa Viagem, as rápidas e aprazíveis estradas de Mira levaram o pelotão ao extremo sul da Ria de Aveiro, uma das mais belas zonas húmidas de Portugal que se estende por 45 quilómetros até Ovar.

Tempo para apreciar o cordão dunar até à típica Costa Nova onde a Nau, fabricante português de capacetes brindava os participantes com um oásis, permitindo paragem aproveitada também para fotografar as coloridas casas, antigos palheiros, que são ex-líbris da Costa de Prata.




Apesar de Gaia estar cada vez mais perto, o Lés-a-Lés não podia desperdiçar oportunidade única para visitar Aveiro, terra de salinas, ovos-moles e moliceiros. Inconfundíveis barcos, decorados com painéis religiosos, profanos ou etnográficos, ainda que sejam os de humor malicioso os mais fotografados.


Curta passagem urbana porque era preciso tempo para descobrir os caminhos da ria, um dos melhores momentos desta travessia de Portugal Continental à moda antiga, passando entre amieiros e salgueiros até ao cais de Estarreja através dos percursos cicláveis que compõem a CicloRia. Ambiente único que motivou paragem no Cais de Pardelhas onde o MC de Estarreja aconchegou o estômago aos motociclistas. Porque isto de andar de moto, abre o apetite...







Torreira, S. Jacinto, Cortegaça, Esmoriz, a Lagoa de Paramos e Espinho foram nomes que marcaram novo troço da Lés-a-Lés, qté à Estação Litoral da Aguda onde os elementos do Moto Clube do Porto montaram o último controlo e ajudaram a aparcar as motos para interessante visita à bem conseguida sala de aquários, mostrando as espécies como se estivéssemos a descer em profundidade. E assim apreciar os congros, peixes-porco, moreias, lavagantes, pargos, raias e polvos antes da estrada litoral de Gaia que, ao longo de 9 quilómetros de praias de bandeira azul, levou a longa comitiva até ao palanque final.







Sendo o tempo de espera, para que cada equipa pudesse tirar a foto da praxe e gozar o momento único, aproveitado, pelos outros, para apreciar a Ponte Luís I ou a inconfundível Ribeira do Porto.





Final em beleza do 16.º Portugal de Lés-a-Lés, aventura de contornos únicos este ano fortemente marcada pelo mar e pelas praias, pelas falésias e arribas e claro, pelo intenso aroma a maresia que perfumou o maior evento mototurístico da Europa.

Texto: FMP

Álbum de fotos


Fotos FMP:

Verificações técnicas e prólogo


2.ª etapa de Peniche a Vila Nova de Gaia


Foi mais uma grande edição do Portugal de Lés-a-Lés e foi também com muito gosto que fizemos parte da equipa "desorganizadora".

Grande abraço a todos com que partilhámos estes bons momentos, ao longo da maior maratona mototurística da Europa.

Viva o 17º Portugal de Lés-a-Lés. Até lá...

2 comentários:

  1. Reportagem fantástica, fotos magnificas, que ilustram bem o espirito do Lés-a-Lés. Obrigada António Costa e Mila. Sois 20 estrelas :)

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    Respostas
    1. Obrigado Paula

      O Lés-a-Lés é de facto um grande passeio motourístico que nos oferece também inúmeros motivos para se fazer boas fotos.

      É sempre um prazer partilhar estes bons momentos, vividos com bons amigos.

      Beijinhos e abraço ao Carlos
      Costa e Mila

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